Presidenciais

>> domingo, 30 de maio de 2010

O Partido Socialista decretou hoje o apoio oficial à candidatura de Manuel Alegre, à Presidência da República. Com este apoio, as forças da direita mais conservadora, que, alegadamente, procuravam uma alternativa a Cavaco, passaram a ter um adversário fora do espaço político da direita, para que devem focalizar todas as suas atenções. Teria sido preferível, do ponto de vista da estratégia partidária, adiar a formalização do apoio por mais uma ou duas semanas, no intuito de dar “gás” a essa possível candidatura fragmentadora do eleitorado da direita. Assim, a esquerda perde uma boa oportunidade.

Alegra, por ter o apoio do Bloco de Esquerda, pelo seu percurso político e pelas opiniões que difunde, é um candidato de esquerda. Não será de extrema-esquerda, mas está mais longe do centro do que desse ponto do espectro político. Tem o apoio, do partido mais radical dos 6 com representação parlamentar. Não conquistará nenhum voto ao centro, conseguindo, quanto muito, o eleitorado mais à esquerda do Partido Socialista. Mas, sendo do Partido Socialista, existe uma janela de oportunidade para o candidato do PCP aglomerar alguns votos e ter uma votação considerável. Neste ponto, cumpre dizer, que o PCP voltou a liderar a oposição à esquerda o PS, empurrando o BE para o início do seu fim.

Não sou o único a achar, vide, por exemplo, o In Concreto, que será Carvalho da Silva o candidato do PCP. É uma pessoa muito próxima dos trabalhadores, dos sindicatos, enfim, das forças vivas da esquerda portuguesa. “Bem trabalhado”, pode passar até a ideia de alguém fora das lutas político-partidárias. E as manifestações não são inocentes. Podem muito bem ter sido o pontapé de saída da sua candidatura presidencial. Considero que seria o nome mais forte que o PCP poderia apresentar, garantindo 8 a 10% dos votos.

Não me parece que Nobre, embora vá buscar votos à esquerda e à direita, consiga mais que 5% dos votos. Na melhor das hipóteses. Manuel Alegre, conseguirá, quanto a mim 4 ou 5% do eleitorado tradicional do Bloco de Esquerda, 3 ou 4% do seu capital próprio de votos e talvez uns 25% do eleitorado do Partido Socialista, que vota PS quem quer que seja o candidato. Enfim, terá, quanto a mim, qualquer coisa como 30% dos votos, talvez um pouco mais, se fizer uma excelente candidatura, nunca acima dos 33% em minha opinião.

Nesse cenário, dando 33% a Alegre, 5% a Nobre e 9% a Carvalho da Silva, Cavaco Silva teria cerca de 52%, o que lhe permitiria ganhar na primeira volta e de forma mais confortável relativamente às últimas eleições presidenciais. Em todo o caso, acho que é possível que Cavaco Silva possa chegar pelo menos aos 55%. Dificilmente não chegará. Mesmo com um candidato à sua direita, mantendo CDS e PSD o apoio ao actual presidente, dificilmente Cavaco Silva não ganharia.

Depois das presidenciais, começar-se-á a desenhar os cenários políticos que vão anteceder as eleições legislativas, que dificilmente terão lugar depois do primeiro trimestre de 2012. E aí, possibilidade, do PSD ter a maior votação de sempre. Bastará não cometer erros.

0 comentários: