Greve sem sentido.

>> sábado, 13 de março de 2010

A greve dos Pilotos da TAP, não faz nenhum sentido.

O instituto da Greve, foi pensado numa lógica de protecção do trabalhador, num contexto de uma verdadeira exploração da sua prestação laboral, de inexistência de condições de higiene e segurança no trabalho, enfim, como forma de protesto e de defesa aos abusos das entidades patronais.

O contexto do início no século XXI é diferente. Quando determinada empresa anuncia que, por exemplo, não pode aumentar salários ou não os pode aumentar na percentagem que os trabalhadores desejariam, não o faz, primafacie, por depravação mental, mas antes, porque as condições económicas assim não o permitem. Num cenário mundial de grave crise financeira e económica, que afecta de forma mais ou menos intensa todos os países do Velho Continente, evidentemente que a TAP não podia ser mais generosa nos aumentos que propôs a uma classe profissional que não se pode queixar no que a remunerações diz respeito.

Mas a questão é simples: Se uma empresa não consegue aumentar em larga escala os salários dos seus trabalhadores por via de uma má situação financeira, a atitude racional dos trabalhadores, seria trabalhar ainda mais ou ainda melhor para tentar inverter essa situação e criar condições para que posteriormente o esforço de todos se transformasse em rendimento e em melhoria salarial, e isto, numa perspectiva egoísta, deixando de parte sentimentos altruístas ou de espírito de equipa, que parecem esbater-se ao longo dos tempos. Uma greve, o único efeito que tem, para além de prejudicar a vida de milhares de pessoas, é fazer com que a situação financeira da empresa se deteriore ainda mais, e, nessa medida, existam ainda menos condições para uma melhoria salarial dos trabalhadores.

Chega a ser caricato: In caso, a TAP alega que não há dinheiro para aumentos superiores a determinada percentagem. No entanto, avança que com a Páscoa, há um novo fluxo turístico que pode permitir a entrada de dinheiro que proporcione melhoria das condições no futuro. Resposta inteligente dos pilotos: Greve, prejuízo de 30 milhões de euros para a Empresa, e claro está, hipotecaram toda e qualquer hipótese de terem uma melhoria financeira, aliás, colocam mesmo em causa a subsistência de alguns postos de trabalho.

Era interessante que se deixasse de ter uma visão extremista do princípio do favor laboratoris, aliás discutível no âmbito da nossa legislação laboral. O trabalhador merece ser protegido, e deve continuar a ser feito um esforço por melhorar as condições de segurança, saúde e higiene no trabalho, de forma a prevenir os acidentes de trabalho. Deve-se continuar a fazer uma regulação acertada no que concerne ao trabalho por turnos, trabalho nocturno ou trabalho exercido por menor de idade. E, claro está, deve-se combater a precariedade do trabalho, tentar obviar aos inconvenientes do trabalho temporário.

No entanto, nenhum empregador despede porque lhe apetece. Muito embora, compreendamos, o empregador não tem qualquer dever paternalista para com o trabalhador, a empresa do empregador é o seu rendimento, pelo que deve geri-lo, nos limites da lei, da forma que melhor entender. Era importante que as pessoas percebessem que os salários se podem, lato sensu, remeter para o custo laboral. Esse custo laboral é, passe o pleonasmo, um custo para a empresa. Que, como todos percebem, para conseguir fazer face a esse custo tem que ter um aumento das receitas, ou seja, é necessário aumentar o preço dos produtos. Aliás, economicamente, é impossível ter inflação e desemprego a níveis baixíssimos, porque existe esta correlação, entre o custo “do trabalhador” e a repercussão nos preços porque depois são vendidos os produtos.

É necessário ter em consideração as circunstâncias especialíssimas em que vivemos. A Greve dos Pilotos da TAP é uma inconsciência e é um péssimo serviço prestado ao Estado Português.

1 comentários:

Ana Santos 13 de março de 2010 às 20:00  

Na minha opinião é uma VERGONHA este comportamento!

E quanto ao intuito de greve atrevo-me a acrescentar que anteriormente quando esta era feita, os trabalhadores estavam no local de trabalho, e apenas se recusavam a trabalhar com o intuito de fazerem notar o seu protesto. Hoje em dia quando se fala em greve fala-se em mais dois ou três dias de férias!

Neste contexto em que se vive é extremamente complicado executar aumentos salariais! Mas, e mesmo assim a TAP propõe um aumento salarial na ordem de 1,8%.

Ora tendo em conta que muitos trabalhadores estão a ver os seus aumentos salariais congelados,e que um funcionário da TAP em nada "se pode queixar no que a remunerações diz respeito", podem então dar-se por contentes por irem obter um aumento salarial!

Mas, em vez de tentarem melhorar a situação financeira da sua empresa resolvem "meter férias colectivas"! Creio que não será o melhor caminho a tomar mas cá estaremos para assistir ao resultado final!