Critérios de Escolha

>> sábado, 28 de novembro de 2009

Perdeu o lugar? Então vai para governador civil *

José Sócrates compensou boys prejudicados pelos resultados eleitorais com o job de governador civil.

O Governo aproveitou a nomeação dos novos governadores civis (renovou 10, num total de 18) para reparar os danos provocados no aparelho socialista pela perda de votos nas legislativas e por derrotas nas autárquicas.

É o caso do novo governador civil de Lisboa, um ilustre desconhecido para os alfacinhas em geral, mas bem conhecido da população socialista. António Galamba, deputado até 27 de Setembro, não conseguiu ser reeleito nas últimas legislativas: era o 20º da lista da capital e o PS só conseguiu eleger 19. Mas durou pouco tempo a angústia de ter estado tão perto e, mesmo depois de composto o Governo (sem que saísse ninguém dos eleitos por Lisboa), ter ficado sem posto. Quinta-feira, em Conselho de Ministros, António Galamba foi 'recompensado' com o lugar de governador civil.

Não foi o único. A sua homóloga no Porto é Isabel Coelho Santos que disputou, em nome do PS, a Câmara de Gondomar ao indefectível Valentim Loureiro. Perdeu em 11 de Outubro, para ganhar em 19 de Novembro. Um percurso idêntico ao do novo governador civil de Viseu, Miguel Ginestal, e ao da nova governadora civil de Santarém, Sónia Sanfona. O primeiro fora candidato contra o inamovível Fernando Ruas, a segunda perdeu para a CDU a autarquia de Alpiarça (nas mãos do PS desde 1997). Ambos haviam sido destacados deputados na legislatura anterior - Sónia Sanfona foi vice-presidente do grupo parlamentar e a relatora da Comissão de Inquérito ao BPN. Porque a direcção do PS impediu que candidato à presidência de uma autarquia pudesse integrar as listas de deputados, restar-lhes-ia os lugares de vereador não fosse o Governo ter-se lembrado deles para governadores.

A governadora civil de Faro é também uma ex-deputada, Isilda Gomes. Apesar da hecatombe eleitoral do PS no distrito algarvio, ela fora reeleita como número três da lista. A sua saída para o Governo Civil permite, porém, corrigir uma dupla "injustiça": Jamila Madeira, que ficou à porta da reeleição, primeiro para o lugar de eurodeputada, em Bruxelas e depois para a AR, tem por esta via lugar entre os eleitos.

A lista de governadores civis indignou o BE: é "claramente de pendor partidário" e "apouca a democracia", disse o líder parlamentar bloquista José Manuel Pureza.

*Texto publicado na edição do Expresso de 21 de Novembro de 2009

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