Sudoeste - Do pior que existe na Europa.

>> quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Tenho lido várias crónicas sobre o Sudoeste e todas elas vão no mesmo sentido. O Festival ficou muito aquém do esperado e separa-se cada vez mais do que vem sendo feito por essa Europa fora.

Com o final de Agosto, a época festivaleira está também a dar as últimas, não tendo deixado grandes saudades este ano. Parecia que ia ser um bom verão em termos musicais, com o excelente Marés Vivas em Gaia, onde pelo que sei, a organização, limpeza e segurança reinaram. Isto, aliado aos concertos fenomenais de enormes bandas como os Scorpions poderia ter sido o aperitivo para um Verão Musical cheio de…”Moments of Glory”.

Assim, não parece ter acontecido, com os cartazes muito fraquinhos na maioria dos festivais e com acontecimentos de terceiro mundismo musical. No Sudoeste, a banda Buraka Som Sistema acaba por ser a cabeça de cartaz de um painel de cantores muito fraquinhos. Mariza, de longe a mais reputada não serviu para emendar a mão de uma das piores edições de sempre. E não falo só da música. Problemas de segurança e asseio, bem como o acontecimento que fez um dos cantores sair do seu próprio concerto na primeira música, pois não se ouvia o que cantava tal era o “chinfrim” que vinha de outro palco. O Palco com a música mais mexida, esteve também muito aquém das expectativas. Já o preço alto da Cerveja, 2 euros por um cerveja de 25cl, isto é, 8 euros por cada litro de cerveja não impediu que fossem consumidos uns incríveis 90.000 litros de cerveja durante o festival, o que dá 720 mil euros gastos em cerveja nos poucos dias do festival. Na televisão apareciam uns rapazes e umas raparigas de óculos verdes e com uma maneira de falar estranha a dizer que gastaram 300 euros em 4 dias. Falava-se ainda que as pessoas se embriagavam fora do recinto e iam já para o recinto embriagados. Este tipo de comportamento deixa-me dúvidas do ponto de vista psicológico. Percebo ficar alegre num casamento onde se vai bebendo ao longo de 12 horas ou mesmo numa noite de folia com os amigos. Não percebo do ponto de vista psicológico que alguém numa hora ingira meia garrafa de whisky como única salvação possível para se divertir. Não sou psicólogo ou médico mas julgo que o comportamento evidencia que estas pessoas não se sabem divertir sem beber, necessitam de uma second life, o que evidenciará frustrações. Mas adiante, falemos de música.

Em Portimão, tive boas indicações do que foi feito pelos Offspring no Rock One, um concerto com um target muito especifico, bem como todo o seu festival, mas que se conseguiu colocar bem acima do que foi feito noutros festivais, como o já referido Sudoeste.

Antes de tudo isto, tivemos um Super Bock Super Rock que ao que sei teve os The Killers, também numa grande performance, não me tendo ainda chegado qualquer feedback do festival na Praia do Tonel, em Sagres.

Paralelamente a estes grandes eventos, outras bandas vão correndo o país, nos festivais gastronómicos, como é o caso de Olhão ou de Portimão, onde os Xutos e Pontapés e um José Cid de regresso aos melhores momentos vão dando show.

Longe vão os tempos de WoodStock, longe vão os tempos em que os festivais eram verdadeiros centro de mensagens politicas e de afirmação de opiniões próprias de grupos específicos da sociedade. Mas cada vez mais longe estão os festivais por essa Europa fora, renovados e adequados às novas expectativas, contentando-se a juventude portuguesa com um Sudoeste como cabeça de cartaz. No final da época festivaleira, julgo que os Buraka Som Sistema e os Deolinda são os grandes vencedores afirmando-se como grandes alternativas no panorama musical português. E para o ano é ano de Rock In Rio. Parece que só os Xutos (que em Setembro vão dar uma mega Concerto no Restelo, com abertura dos Tara Perdida) estão nas 10 primeiras bandas pedidas pelo público. O Rock in Rio é um enormíssimo evento, já agora, trazido para Lisboa aquando do mandato de Santana Lopes enquanto Presidente desse município, do qual espero muito mais do que DZRT e Britney Spears. Se estiver ao nível do conseguido pelos Marés Vivas já é muito bom. E nunca esquecer que festival não é só Música. Aliás, 90% das pessoas que lá vão não procuram música e por isso é lhes indiferente se quem está a actuar é o Bono, a Madonna ou a Ana Malhoa.

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