Estudo sobre o Futebol Português - Parte I

>> segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Quando observamos transferências milionárias e salários chorudos como aquele que aufere, por exemplo, Cristiano Ronaldo, pensamos que o Futebol é um mundo à parte, alheio à crise internacional e que escapa incólume aos problemas financeiros e económicos do nosso mundo.

Em termos internos, quando observamos o sucesso obtido pelo Futebol Clube do Porto, na Taça UEFA e depois na Champions League, há cerca de meia década apenas, poderemos pensar que estamos no topo do futebol europeu. Quando um dos melhores treinadores do mundo, José Mourinho e um dos melhores jogadores do mundo, Cristiano Ronaldo, são portugueses, poderemos pensar que estamos na nata do futebol mundial. Contudo, a realidade é outra. Por detrás deste aparente estrelato, o futebol português encontra-se em grave declive, não conseguindo competir com as melhores ligas europeias (Liga Espanhola, Italiana e Inglesa) nem sequer com as ligas de dimensão média (Liga Francesa, Holandesa, Alemã) e começa a ter o seu lugar em perigo, mesmo quando comparamos com ligas menores como sejam a Liga escocesa, a liga Grega ou até a liga romena e a liga russa. Existem inúmeros problemas, mas julgo que algumas soluções. Nos próximos post’s proponho-vos um estudo sobre o futebol português, identificando alguns problemas e propondo algumas soluções.

Em primeiro lugar, julgo que a própria organização do nosso campeonato é incomportável para a qualidade das nossas equipas. Portugal, tem neste momento, 8 ou 9 equipas verdadeiramente competitivas, existindo um conjunto de outras, que vão tendo dificuldades em fazer mais do que amealhar alguns pontos, estacionando autocarros, na tentativa de não descer de divisão. Julgo que uma liga com Benfica, Sporting, Porto, Braga, Guimarães, Belenenses, Marítimo, Nacional, Académica e Olhanense, por exemplo, isto é, uma liga com 10 equipas seria mais que suficiente para assegurar a competitividade. Teríamos um campeonato com 10 equipas, a quatro voltas, daria um número de 38 jogos por época, nada de extraordinário se nos equiparamos às grandes potências do futebol mundial. Teríamos 8 jogos entre Benfica e Sporting, mais 8 entre Benfica e Porto e outros oito entre Sporting e Porto. Poupávamos jogos como Naval – Rio Ave ou União Leiria – Paços de Ferreira, com 500 pessoas no estádio. Estas equipas deveriam ser organizadas numa segunda pole, que seria a Segunda Liga, também ela mais competitiva do que teríamos agora. Seria muito mais empolgante e as assistências subiriam, conseguindo-se mais dinheiro. Desciam duas equipas, subiam duas e as coisas poderiam funcionar melhor.

A questão das assistências deve ser repensada, estando os clubes reféns das transmissões televisivas. Hoje joga-se o Belenenses-Naval. É uma segunda-feira à noite. Quantas pessoas irão ao estádio? E o Belenenses é dos clubes em Portugal que adopta uma política de preços mais acessível. Os jogos, deveriam ser como em Inglaterra, no Sábado e essencialmente no Domingo depois de almoço, convidando as famílias a irem assistir aos jogos.

Outro problema é o dos salários. Aqui dever-se-ia adoptar um sistema como em Inglaterra, em que os clubes prestam garantias dos salários logo no início da época. Por exemplo, os clubes em Agosto fecham o plantel e sabem o valor dos salários dos seus jogadores, que terão que pagar em Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro. Nesse caso, deveriam depositar numa conta o dinheiro, ou prestarem as devidas garantias, pelo menos, passando depois pela Federação o pagamento a tempo e horas dos jogadores, para se evitar problemas como o que acontece com quase todas as equipas do escalão principal do nosso futebol, exemplos recentes do Estrela da Amadora, do Vitória de Setúbal ou do Boavista.

Outro problema está na formação que continua a não dar frutos. O nível das nossas selecções jovens é medíocre. O Benfica, na época passada, chegou a jogar com 11 estrangeiros na formação de juniores. Isso é inconcebível. Nessas equipas, deveria existir uma limitação de dois jogadores estrangeiros por plantel, devendo haver uma preocupação por parte dos legisladores, de forma a enquadrar esta regra com as normativas comunitárias. Nos últimos tempos, depois da Escola Leonina ter secado e de agora se formarem jogadores medíocres como André Marques, apenas Miguel Vítor no Benfica. Nada mais, em nenhum dos grandes. Os campeonatos de juniores por Zonas, tiram toda a competitividade. Sporting, Benfica e Porto sabem que chegam à fase final, quase garantidamente. Só aí temos alguma competitividade.

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