Dia B, por Bruno Antunes

>> domingo, 26 de julho de 2009

Volta a Portugal: Que futuro?



O ciclismo é uma modalidade interessante, creio ser daquelas em que o esforço do atleta é mais desgastante. De vez em quando lá pratico este desporto e sinto como é preciso muito empenho para enfrentar lombas, subidas, descidas, rectas, curvas, tudo e mais alguma coisa. Portugal tem alguma tradição neste desporto contando com um grande nome do ciclismo Mundial, o já falecido Joaquim Agostinho. Neste sentido, já existe há 71 edições a Volta a Portugal em bicicleta. É uma boa marca e espera-se que continue a realizar-se ano após ano.

No entanto, é uma prova relativamente menor no panorama do ciclismo internacional. O Tour de França, a Vuelta de Espanha e o Giro de Itália ocupam com distinção os lugares de topo desta modalidade, com maior relevância para o primeiro. São provas de intenso sacrifício, com semanas de extensão e contam com a participação dos melhores ciclistas mundiais. Nem sei se à frente de Portugal não estarão outras provas no panorama internacional, é bem provável que estejam. Será possivelmente o caso da Polónia e outros países da Europa que têm maior notoriedade nas suas provas de ciclismo que Portugal. Um razoável barómetro para verificar se de facto determinada prova é forte ou não é a transmissão num canal de televisão internacional, como é o caso da Eurosport.

Para além disto, a Volta a Portugal, que já teve alguma mística, perdeu-a um pouco. Hoje em dia a Volta a Portugal, que no seu site se refere a uma volta que “cativa o país de Norte a Sul”, parece não fazer jus ao que refere. Para esta conclusão retirar é suficiente analisar o mapa da prova.


Sabem qual é o ponto mais a sul por onde a Volta a Portugal passa? Eu respondo. Lisboa, e é apenas no Prólogo que tem pouco mais que 2 quilómetros. Tendo em conta que Lisboa é do centro sul…Onde está o sul? Uma Volta a Portugal tem necessariamente de cobrir de modo razoável o país inteiro. Não se exige que se corra cidade a cidade. Porém, não passar no Alentejo, no Algarve, não ter um final em grande na capital parece já ser exigível.

Outro ponto onde a Volta perde para as demais provas de ciclismo é o nº de etapas e duração. A prova tem 10 etapas, o que é manifestamente pouco para uma prova internacional. Este campeonato de ciclismo serve assim como um mero treino para aqueles que querem participar em outras provas.

Porém, não ficam por aqui os fundamentos para o insucesso desta prova. Lembro-vos ainda um outro problema. A adesão a uma Volta a Portugal deriva imensamente da participação do Benfica. É uma ideia que fica. Normalmente quando assiste ao ciclismo um espectador quer ver o ciclismo enquanto desporto. Porém, por cá, com a tradição de participação dos grandes do futebol (Benfica, Porto e Sporting) no ciclismo a atenção centra-se nas equipas, algo que lá fora e mesmo cá não será possível relativamente às demais equipas na medida em que as mesmas são empresas sem qualquer matriz ou massa adepta e muitas vezes mudam de nome de acordo com o patrocinador. O Porto e o Sporting já não participam nesta prova há alguns anos. No entanto o Benfica de vez em quando lá surge com uma equipa de ciclismo que é acompanhada de perto por muita gente, não fosse um enorme clube nacional. Esta participação dá relevo ao ciclismo e engrandece a prova. Este ano o Benfica não participa. Lamento.

Contudo, não podemos cruzar os braços e resignarmo-nos ao facto de Portugal ser um país pequeno e periférico, não procurando formas de tornear de algum modo esses pontos fracos, essas fragilidades. Há que granjear esforços e encontrar um modo de tornar a prova mais apelativa e fazer com que tenha maior notoriedade. Não culpo a organização da prova, aliás o seu trabalho é de valorizar. No entanto, creio ser fundamental uma melhoria a bem do ciclismo nacional.

1 comentários:

Anónimo 27 de julho de 2009 às 10:31  

Ciclismo é muito bom.

Em Portugal, presumo que a Volta não passe pelo Alentejo pelo muito calor que faz lá.

Precisamos que os "três grandes" tenham boas equipas de ciclismo.

Mas continua a ser uma modalidade querida.