Tiago Mendonça ou aluno 16614/militante 149797?

>> terça-feira, 9 de junho de 2009

Acho que a vida é feita de opções. Opções que são motivadas por causas concretas e que provocam consequências especificas. Optarmos pelo caminho A, terá as suas vantagens e os seus inconvenientes. E teremos sempre que acarretar o custo de oportunidade, isto é, o valor da melhor das opções preteridas, teremos sempre que abdicar dos caminhos que não escolhemos.

Mas acho que a grande opção que temos de tomar, é se queremos mais um, ou se queremos ser aquele. Se queremos ser mais um aluno da nossa faculdade, ou se queremos ser o Tiago, o Zé ou o Manuel que são conhecidos pelos seus resultados académicos ou pelo empenho que colocam em outras actividades relacionadas com a Faculdade. Se estamos numa juventude partidária, queremos ser mais um entre centenas de milhar que militam na estrutura, ou queremos militar activamente, apresentar moções, fazer projectos, modificar processos, chegar junto das pessoas.

Não conseguiria estar na vida, se não fizesse rupturas. Se não fosse capaz de em vários momentos, seguir o meu próprio caminho, indiferente ao número de pessoas que seguem outro caminho. Não me esquecerei nunca, quando era mais novo, de estar num grupo, éramos 25. 24 estavam a fumar. Para mim, a relevância do acontecimento, é a capacidade, em tenra idade, de dizer, eu não quero ir por ai, eu não vou ceder a influências e vou romper. Fazer diferente.

Temos duas hipóteses de observar a vida. Ou observamos a vida, na perspectiva de perspectivarmos quais são os padrões comportamentais mais vulgares, isto é, que se repetem com maior intensidade e regulamos a nossa vida, nessa moldura, desculpando sucessivamente os nossos comportamentos, com a irritante expressão, toda a gente também o faz, ou decidimos romper, decidimos marcar a nossa posição, definir o nosso caminho e seguir a alternativa que idealizamos.

Para isso é preciso ter coragem. E nem sempre perspectivamos os resultados imediatos disso. Em tudo na vida, é assim.

Quando durante um ano de estudo, dizemos várias vezes que “não dá para ir sair”, somos acusados de ser nerd’s, rato de biblioteca, marrões, anti-sociais. Só no longo prazo, o afirmar de uma atitude responsável, alternativa ao padrão comportamental normal, será reconhecida. No final do ano, normalmente.

Quando na JSD, se tenta fazer diferente, apresentando moções, indo contra os lobbies instalados, falando de um sistema podre de troca de favores, imprimindo uma cadência de actividades na nossa secção, ao invés de participarmos em eventos sociais, em ir beber copos com meio Portugal e a visitarmos alguns estabelecimentos na perspectiva de angariar votos, muitas vezes somos ostracizados. Não esquecerei o processo nojento e a tentativa de assassinato (ainda que colateral) politico que foi colocada em marcha contra a JSD/Moscavide, na sequência do ultimo processo eleitoral para os órgãos distritais e nacionais da JSD.

Fazer rupturas é também fazer história. Churchill afirmou, certo dia, que a história iria ser benevolente para com ele, pois iria ser ele a fazer a história. E é isso mesmo. Temos duas opções: Ou passar superficialmente pela vida, fruindo do que os outros fazem e acatando as opções que outros tomam, ou queremos participar, tomar decisões, ser nós a fazer a história. E podemos fazer história, na nossa rua, na nossa freguesia, na nossa escola. Em qualquer lado. Basta termos a coragem de romper. A coragem de afirmar as nossas ideias e de ser intransigentes nos valores que defendemos, nem que para isso, tenhamos de ir contra tudo e todos. Se o fizermos de certeza que as pessoas se lembrarão de nós. Vão saber o nosso nome. Vão identificar o nome aos projectos que levámos a cabo. Temos outra opção. Não decidir. Aceitar tudo como sendo uma verdade absoluta. Desinteressando-nos de tudo e de todos. Passando completamente ao lado. Assim, no final do dia, seremos mais um dos milhares de alunos, ou militantes, ou munícipes ou outra coisa qualquer. Seremos mais um. Não seremos aquele que todos lembram.

A minha opção está tomada. E a vossa?

3 comentários:

Ana 9 de junho de 2009 às 18:24  

Gostei muito do post. Acho que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que se é !

Sem dúvida alguma que a beleza está na diferença do vulgar, e tu fazes a diferença neste mundo cão, aluno 16614. Para mim, Tiago Mendonça.

Rafael 16 de junho de 2009 às 18:13  

Grandes palavras Tiago Mendonça...

Grandes palavras vindas de alguém que notoriamente se sente sozinho e tenta, ardentemente, convencer-se a si proprio, que assim é melhor.

"(...)Basta termos a coragem de romper. A coragem de afirmar as nossas ideias e de ser intransigentes nos valores que defendemos, nem que para isso, tenhamos de ir contra tudo e todos." - A hístoria lembra à humanidade várias personagens assim, por exemplo, Adolf Hitler (também ele uma pessoa bastante solitaria)

Tiago Mendonça 19 de junho de 2009 às 14:57  

Rafael,

Claramente. Notoriamente sozinho.

Sozinho, sem mensagens e telefonemas a pedir que avançasse para a presidência de uma associação académica.

Sozinho, após ter ganho diversas eleições, sempre com votações expressivas, dentro e fora da JSD.

Sozinho, ao fechar restaurantes, com os meus amigos, a comemorar os meus aniversários.

Sozinho, ao, com a graça de Deus, ter uma familia fantástica e repleta de excelentes pessoas.

Sozinho, ao ter um grupo de amigos, em que o tempo passa e a amizade perdura.

Rafael,

Eu não sou é uma "Maria vai com todos". Tenho as minhas opiniões e a minha capacidade de dizer não.

Sozinho, não creio que seja. Embora considere que todo o ser humano tem a sua vertente solitária.

Mas sou parvo. Ao responder a certos comentários, que têm apenas um objectivo.