Dia B, por Bruno Antunes
>> domingo, 17 de maio de 2009
5 factos negativos.
Hoje vou procurar fazer uma dissertação acerca dos 5 piores momentos da história nacional. Para a próxima edição do dia B ficam os 5 melhores momentos.
Portugal é um país com 800 e muitos anos de história e teve um percurso enquanto nação recheado de momentos negativos, responsáveis, muitos deles, pelo atraso de desenvolvimento que Portugal tem relativamente aos demais países ocidentais. A ordem pela qual vou enumerar os momentos negativos da história deste país “à beira-mar plantado” seguirá o critério cronológico.
Comecemos pela Batalha de Alcácer Quibir que terá sido o primeiro de muitos disparates graves cometidos pelos governantes portugueses. Era D. Sebastião, rei de Portugal, quando resolveu travar uma batalha naquela cidade africana. A batalha ficou marcada pela inferioridade numérica dos portugueses, o que acabou por se reflectir na derrota na batalha. Morre o rei, fica Portugal sem monarca na medida em que D. Sebastião não deixara sucessores. Dá-se a discussão acerca de quem será o próximo rei de Portugal e esse cargo fica para Filipe II de Espanha, e a partir de então D. Filipe I de Portugal. Este facto teve consequências gravíssimas, para além da indefinição relativamente a quem guiaria os destinos desta nação. Portugal ficou sujeito aos desígnios do Rei de Espanha. Bem sei que não se tratava de uma fusão de reinos entre Portugal e Espanha, mas antes dois reinos com um único rei. No entanto, esta dependência não se revelava proveitosa para um desenvolvimento sustentado de um país que se quer autónomo e não sujeito ao que o rei de Espanha queria (sim, porque para todos os efeitos era rei de Espanha). Portugal não conseguiu assim afirmar-se em toda a sua plenitude como potência no que aos Descobrimentos diz respeito pois estava continuamente toldado” pelo que dava mais jeito a Espanha”, perdoem-me a expressão.
O segundo momento destrutivo no que ao desenvolvimento de Portugal diz respeito foi o desperdício do ouro do Brasil protagonizado, entre outros reis, por D. João V. Esse desperdício terá custado caro. Os gastos exorbitantes em luxos insuportáveis foram a marca daqueles reinados. Dá ideia que se vivia naquela altura um “novo-riquismo real”. Se antes se tivesse gasto aquele dinheiro oriundo do ouro brasileiro noutros pontos nevrálgicos do desenvolvimento português, como por exemplo o desenvolvimento na metrópole, o potenciar da colonização (pertinente no momento) nas colónias já conquistadas, no fundo pôr em prática medidas fundamentais, que não o luxo real, o país hoje poderia ser diferente, para melhor.
O terceiro ponto reside na Guerra Civil. Como alguém diria a guerra civil é a pior de todas as guerras. A divisão entre pessoas do mesmo país é terrível. A luta armada entre os miguelistas/absolutistas e os apoiantes de D. Pedro IV/liberais (irmãos) durou 6 anos e acabou na instauração de uma monarquia liberal. Este facto, apesar de ter criado condições para a não continuidade de um sistema em que um rei concentrava em si todos os poderes (rei absoluto), dividiu enormemente a sociedade para não falar nas perdas humanas, de um valor inestimável.
Já o quarto facto negativo encontra-se no inicio do século XX. Em 1910 instaura-se a República. Porém, aquela que parecia ser uma nova lufada de ar fresco para os portugueses cedo se tornou num mar de instabilidade. De 1910 a 1926 (fim da I República) houve 46 Governos! Repito 46 Governos! Isto em 16 anos. O que dá uma média de perto de 3 governos por ano, o que é dramático. Estes números traduzem a instabilidade governativa que se vivia em Portugal naquela altura. Para além dos Governos houve também muitos Presidentes, isto para não falar em golpes de estado. Aliás, foi através de um que se pôs termo a esta república. A I República foi alvo de enorme contestação e bem. O desgoverno militante, a incapacidade de gestão capaz, a entrada de Portugal na I Guerra Mundial (muito discutível) motivaram a queda daquele regime que provocou um atraso extraordinário de Portugal.
O quinto momento foi o Estado Novo em geral e a Guerra Colonial em particular. Se de início o Estado Novo se revelou fundamental na estabilização das contas públicas, na política orçamental, na estabilidade governativa, mais tarde tornou-se um peso difícil de sustentar dada a falta de democraticidade neste país, a censura, a falta de liberdade de voto, opinião, manifestação, reunião, do pluralismo partidário. No fundo, falta de Democracia. Esta má política encontrou um expoente máximo na década de 60. Portugal entra na Guerra Colonial e nela permaneceu durante 14 anos. Foram inúmeras as perdas humanas. Foi devastador para a economia nacional aquele esforço de guerra. Foi o que precipitou o fim do regime, interessantemente.
Estes foram aqueles que considero os 5 factos mais nefastos para o nosso país. Podia ter ido mais longe, ter sido mais crítico e exaustivo mas a disponibilidade não é a maior. Obrigado.
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