Benfica, Benfica, Benfica!

>> segunda-feira, 18 de maio de 2009



Tinha deixado aqui na caixa de comentários o meu desejo profundo de que o Benfica goleasse o Braga. Também cheguei a ter um rascunho de post, mas depois contive-me. Este meu desejo profundo era hoje muito maior do que noutras jornadas, onde apenas quero que o meu Benfica ganhe por meio a zero e some os três pontos. Hoje queria ver o Estádio AXA silenciado. Queria calar os cânticos nojentos que aquelas claques vieram a proferir, imitando o seu clube-mãe. Queria calar Salvador. E queria que o Benfica e, Quique Flores, evidenciassem que Jorge Jesus não é, definitivamente treinador para o Benfica.



Não gosto de Jorge Jesus. Não quero que ele venha para o Benfica. Se vier será o meu treinador, mas nunca vibrarei como vibrei com Mourinho, Trappatoni ou Fernando Santos. E não gosto porquê?

Uma razão subjectiva: O facto de ter evidenciado uma postura subserviente, na comparação entre as declarações após o jogo com o Benfica, onde foi, efectivamente prejudicado, e o jogo com o Futebol Clube do Porto, onde foi ainda mais prejudicado. A postura de clube satélite que o Sporting de Braga assumiu durante toda a temporada, foi, nesses flash interviews bem encarnada pelo treinador Jorge Jesus.

Uma razão objectiva: Os fracos resultados. Deixou o Vitória de Guimarães em 14ºLugar, onde foi despedido, não conseguindo, nesse mesmo ano, evitar a despromoção do Moreirense. Conseguiu um 7º e um 8º Lugar, com Leiria e Belenenses, respectivamente. E este ano, poderá ficar em Quinto Lugar, o que, no plano interno, constitui uma época horrível, tendo sido eliminado, precocemente, na Taça da Liga e na Taça de Portugal. É que o Braga tem a melhor equipa das últimas décadas. Compare-se por exemplo, com Jesualdo Ferreira, e perceba-se a diferença comparativa. E Jesualdo não dispunha da equipa que Jesus dispõe.



Não é preciso ir longe, para perceber, que mesmo em Portugal, existem melhores opções. Cajuda, colocou o Vitória de Guimarães na Champions, não conseguindo atingir a fase de grupos, apenas porque foi escandalosamente espoliado. Fez uma época memorável o ano passado, intrometendo-se entre os três grandes, coisa que Jesus nunca conseguiu. Mas, essencialmente, Manuel Machado, que com uma equipa muito menos cara que a do Braga, arrisca-se a colocar o Nacional à frente do Braga. Bom trabalho na Académica e sobretudo em Moreira de Cónegos, onde trouxe o Moreirense da II Divisão B para a primeira Divisão num ápice. Preferia muito mais, ter Manuel Machado no próximo ano, do que Jorge Jesus, que considero um treinador com alguma qualidade, mas exclusivamente para equipas relativamente pequenas, onde o discurso atabalhoado e as palavras de ordem, o pouco rigor técnico ou táctico e falta de tacto para lidar com jogadores de maior craveira passam despercebidos.

Discordo do Pedro Mendonça, quando aqui diz que Jorge Jesus é do melhor que Portugal tem. Existem 8 ou 9 treinadores bem melhores. Que saudades tenho de Fernando Santos, o treinador que fez Benfica e Sporting conquistarem mais pontos nos últimos anos, e que colocou o modesto PAOK no segundo lugar do campeonato grego, para já não falar, do campeonato nacional ao serviço do Porto. Humberto Coelho, grande Benfiquista, mentor de uma excelente prestação da selecção nacional, no Euro 2000. Peseiro, o treinador que pôs o Sporting a jogar um futebol fantástico e levou a equipa de Alvalade a uma final europeia e a ficar bem próxima de ser campeã nacional. Manuel Machado, que já referi. E não sendo Português, mas conhecedor do Futebol Português, ícone da anti corrupção, homem capaz de voltar a encher o terceiro anel, a mobilizar a massa adepta benfiquista e a erguer a moral das tropas, o sargentão Luiz Felipe Scolari, talvez o meu preferido.

Mas reflecti bastante esta semana, e julgo que existe um homem que é homem certo para treinar o Benfica na próxima temporada. Esse homem é Quique Flores.



Neste momento, conhece o futebol Português. Percebeu que é Cardozo que tem que jogar, que é obrigatório jogar com dois homens de características ofensivas nas alas, como Reyes e Di Maria, descobriu Urreta, percebe que não pode jogar com dois médios de características mais defensivas (pelo menos em todos os jogos) que Amorim rende muito mais no centro do terreno. Percebeu, que jogando fora, pode adiantar Maxi, colocando um central à Direita, para dar mais consistência. Conhece os adversários e teve contacto com a mística do Benfica. Com o terceiro anel. Com a exigência de treinar o maior clube do mundo. Que o Benfica, não é aquele clube que, normalmente, fica em 4º Lugar a 20 pontos do Primeiro. Quique está hoje integrado e sabe do futebol português. Conhece a equipa. Não faz sentido voltar a começar do zero.

Só o faria, no caso de a alternativa, ser qualquer coisa do outro mundo. Algo absolutamente inesperado. A época esteve longe de ser brilhante. Mas ganhou-se um troféu e melhorou-se a classificação da época transacta. Descobriu-se novos valores, como Sidnei, Miguel Vítor, Urreta. Foi a época da Afirmação de Cardozo, David Luiz e Maxi Pereira. Julgo com 3 ou 4 reajustes o Benfica poderá ser mais forte no próximo ano. Acho que a melhor opção é manter Quique Flores.

Acho que a pior, seria chamar Jesus.

Sobre o jogo, mais uma vez, um escândalo dos antigos. Um penalty a favor do Braga, que me deixa as maiores dúvidas e um não assinalado sobre Reyes, que também e duvidoso. 3 foras de jogo mal tirados e uma falta ofensiva mal assinalada, todos os lances deixariam isolados os jogadores encarnados. Expulsão inacreditável a Yebda, e não exibida a Luís Aguiar e Paulo César não se percebe bem porquê. Show de Amarelos, com muitas coincidências à mistura. Os jogadores em risco eram sempre admoestados. Benfica espoliado, mas como foi muito melhor, passa ao lado da imprensa e do mundo desportivo.



Uma exibição de classe. Vamos dar tempo ao tempo. Não me parece que Jorge Jesus venha fazer mais do que fez Manuel José. Se vier, e for campeão, tiro lhe o meu chapéu. Para já não entusiasma. E nunca mais esquecerei as suas declarações e a subserviência. Mas vamos aguardar, com serenidade.

4 comentários:

Tiago Mendonça 18 de maio de 2009 às 02:40  

Para não aborrecer os leitores, com mais um post sobre futebol, apenas deixar uma nota de parabenização ao Sertanense, que garantiu hoje a subida à Segunda Divisão B. De Parabéns!

Bruno Antunes 19 de maio de 2009 às 01:17  

Caro Tiago,

o Benfica tem sido, ostensivamente alvo de um ódio generalizado por muitos não benfiquistas há imenso tempo. A razão residirá no facto de o Benfica ter sido até aos anos 90 um colosso nacional e europeu, de agregar nas sua massa adepta tantos quadrantes da sociedade e de ser de Lisboa. Veja-se bem, estas que são as razões do ódio que sucita nas pessoas são também as razões para a sua popularidade. O problema está também nas arbitragens. Desde que me lembro de ver futebol com regularidade que vejo o Benfica a ser prejudicado pelas arbitragens. Muitas passam desapercebidas. Se se assinalarem erradamente 10 foras-de-jogo à mesma equipa isso dificilmente passará nas repetições pós-jogo. Recordo-me de um jogo com o Braga, exactamente, em que algo parecido aconteceu. Sempre em prejuízo do Benfica. Depois há outros erros que prejudicam imenso. Cartões amarelos e vermelhos indevidos são um entre muitos. Já esta ideia de emprestar jogadores de um clube a meia primeira liga e outra meia segunda liga e ter treinadores ligados a esse clube a treinar em outra metade destes campeonatos é um caminho que se revela proveitoso em diversos aspectos. O Benfica tem muitas razões de queixa de arbitragens e isso pode influenciar o modo como a estrutura acaba por funcionar. Se os resultados não aparecem por causas externas as decisões podem não ser as melhores, quanto mais não seja pela pressão. No entanto, avaliando o trabalho da estrutura benfiquista, e abstraindo-me de ódios viscerais ao clube da Luz e arbitragens negativas, encontro erros. A compra de jogadores com um critério fraco todos os anos revela-se prejudicial para um plantel estável. O mesmo se diga quanto aos treinadores. O actual falhou em muitos aspectos, mas será de o despedir? Já ponderei sobre isto e não sei até que ponto esta vitória sobre o Braga poderá influenciar o entendimento dos benfiquistas relativamente à continuidade do treinador. As alternativas viáveis são parcas, mas há. Vejamos até que ponto virá um treinador que se portou como se portou no jogo contra o Glorioso e fez o que fez contra o F.C.Porto.. É esperar para ver o que vai acontecer.

Anónimo 19 de maio de 2009 às 23:10  

PARABÉNS! Foi preciso vir aqui para ler um texto que não falasse de Jesus como filho de Deus... salvo seja ;)

'Tou contigo: que fique o Quique! Tenho esperança que no próximo ano ele já esteja perfeitamente adaptado ao campeonato, conheça e compreenda o futebol português. E conheça os jogadores da casa, já agora. O que ele fez ao Cardozo é inqualificável :(

Só vejo uma razão para Quique sair, e só quem está MESMO lá dentro pode avaliar: o balneário não confiar nele. Se o balneário não se revê no líder, aí dificilmente podemos ter bons resultados. Não acho que seja o caso.

Ana 20 de maio de 2009 às 23:29  

Não tens hipótese... Vais levar mesmo com o homem para a próxima época !