AAFDL. Que oposição?
>> domingo, 17 de maio de 2009
Há uns meses atrás afirmei que não é a tarefa mais difícil do mundo ganhar as eleições relativas à Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa. Anotei também, que ano após ano a Lista A vai ganhando as eleições, sem dificuldade aparente. Quais são afinal as razões conducentes às vitórias sucessivas desta lista?
Em primeiro lugar, convenhamos, a capacidade dos seus quadros. A forma muito bem conseguida com que faz pequenas alterações na equipa, equilibrando a renovação com a experiência dos anteriores membros e mexendo em lugares específicos, de forma cirúrgica. Um bom exemplo, é a candidatura do Nuno Poças a Presidente da Mesa da RGA, que sem dúvida, trouxe um capital de votos à Lista, muito importante.
Alguns outros membros de grande qualidade, como já destaquei, noutro post, como é o caso do Ivan ou do próprio presidente, o João Ascenso. O João, é um grande aluno e para mim isso é uma das condições básicas para ser o mais alto representante dos alunos. Sem nenhuma fanfarronice ou preciosismo. Aliás, reconheço ao João a humildade necessária para exercer este cargo, e o facto de não se deixar envaidecer pelas brilhantes classificações que vai obtendo ao longo do curso.
Mas para além destas razões positivas, cumpre fazer a pergunta. A AAFDL teve de facto uma oposição? A resposta é um rotundo não.
Se alguém quiser ganhar as eleições para a AAFDL no próximo ano, arrisco-me a dizer que já vai tarde. As eleições começam a ganhar-se em Abril, Maio. É nas RGA mais quentes do ano, com a questão dos exames, as sempre enormes dificuldades de adaptação ao Processo de Bolonha, os orçamentos e relatórios, que existe mais discussão. E é ai que se ganham eleições. Aparecendo sistematicamente nas RGA com propostas alternativas, soluções viáveis para os vários problemas, apresentando soluções com um sustentáculo de credibilidade e solidez. Ninguém aparece. Onde é que está o Frias, candidato-relâmpago pela Lista H? Ou os seus mais altos quadros dirigentes? Não estão.
As pessoas não podem considerar, que um mês antes de umas eleições, cujo universo eleitoral é de alguns milhares de pessoas, é que avançam com o que quer que fosse. A apresentação de uma lista deve ser uma coisa séria. Ponderada. Com verdadeiras alternativas. Pelo contrário, não pode nem deve ser, desculpem-me a expressão, um exercício de pura masturbação intelectual. As listas não podem ser constituídas pelos nomes ou apelidos de alguém. Não se podem queimar pessoas sérias em projectos condenados à partida.
Há um ano atrás, aceitei ser candidato a vogal da política educativa, estava eu no meu segundo ano. E aceitei porque tinha ideias para a Associação Académica, naquela área política. Mas devo confessar que fui iludido. Se soubesse o que sei hoje, nunca teria aceite tal convite, pois a Lista de então veio a revelar-se uma enorme desilusão.
Já este ano, como escrevi aqui, recusei liminarmente ser candidato em qualquer lista e muito menos avançar para a presidência. As candidaturas têm que ser sérias e a disponibilidade a maior. Só faria sentido ser candidato ao quer que fosse, se as coisas fossem delineadas segundo aquilo que acho correcto. Por exemplo, nunca me candidataria, no próximo ano, já que, se assim o desejasse, teria que estar já no terreno. Combatendo nas RGA, ganhando e perdendo, também faz parte, os debates que por ali se fazem, apresentando propostas, criando uma equipa que estivesse já a recolher contribuições ideológicas dos alunos e fazendo uma oposição construtiva a esta Associação Académica.
Assim, a Lista A, pode já encomendar as faixas. Não há qualquer oposição estruturada. Há pequenos movimentos eleitorais e eleitoralistas que aparecem e desaparecem como um flash. Não há um trabalho sério.
Uma última palavra, para as RGA. Eu já desisti também. São autênticos espectáculos circenses. Horas e horas, mais uma vez, de pura masturbação intelectual. Para se decidir um regimento de uma Mesa da RGA, discute-se tanto tempo como os deputados da Assembleia da República para decidir a aprovação de uma qualquer lei importante. Dezenas de pedidos de esclarecimento, outras tantas interpelações, propondo adendas estapafúrdias, com apoios reduzidíssimos, que tocam o absurdo. Não me chocava, que para apresentar propostas, por exemplo, fosse necessária a assinatura de um conjunto significativo de alunos, 100 alunos por exemplo. Uma ou duas propostas percebe-se. Se tiverem apoio significativo. Agora o mesmo aluno pode falar 5 ou 6 vezes, para referir que a RGA deve ser feita naquele ou no outro anfiteatro. Poupem-me.
Também não chocava, um sistema tipo assembleia, com representatividade das listas na RGA. Era preciso era ter oposições consolidadas e respeitáveis. O que não tem conseguido.
Conclui-se, tristemente, que a Lista A poderá continuar, descansadinha, a fazer o seu mandato e a tomar as decisões e posições que bem lhe apetece, sem ter uma oposição credível, que a ajude, critique e apresente outras alternativas. Outro rumo.
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