Dia B, por Bruno Antunes

>> domingo, 26 de abril de 2009

Cuidado.

O texto de hoje será curto. A razão encontra-se no facto de a minha disponibilidade ser parca por diversas razões. Peço perdão aos leitores.

Este post poderá facilmente ser enquadrado no dia de ontem, o 25 de Abril.
O 25 de Abril abriu portas à liberdade de expressão, entre outras coisas. Porém, há aquela velha máxima “a liberdade de um acaba quando começa a liberdade do outro”. A liberdade não é libertinagem (apesar de não ser um conceito muito técnico). Tenho assistido com alguma surpresa com o que se tem passado nos últimos dias, nos meios de comunicação social. As invasões de privacidade são frequentes em alguns meios mas hoje em dia poder-se-á estar a caminhar para uma crise de valores sem precedentes. Podemos não apreciar o trabalho de X ou Y, mas faltar-lhe ao respeito é outra questão.

De acordo com o blog Câmara de Comuns, um jornalista da TVI no final de uma peça disse “Sócrates amigo, a TVI está contigo”. Dir-me-ão alguns que é uma frase inocente e perfeitamente natural. Não o é numa peça jornalística, não sejamos ingénuos ao ponto de achar que sim. Ainda por cima tendo em conta as últimas querelas entre o Primeiro-Ministro e a TVI.

Outro caso foi o do dia de ontem, em que, segundo o jornal Público, uma jornalista ter-se-á aproximado do Primeiro-Ministro e perguntado se podia fazer uma pergunta. Este responde “Claro, eu não mordo”. O que é que a jornalista responde? “Não morde mas rosna. E às vezes rosna muito”. Parabéns à jornalista. Em vez que reportar a notícia, acabou por criar uma. Faz lembrar uns quantos sketchs dos Gato Fedorento.
Dou aqui exemplos com o PM mas não creiam que só ele poderá ser vítima de tais “eventos”. Não pretendo aqui fazer a defesa da honra de Sócrates, apenas alerto para o que se poderá estar a passar. O jornalismo poderá estar a ganhar nova forma. Não está em causa o jornalismo crítico. Porém, deverá um jornalista fazer juízos de valor ou deverá esse papel ser atribuído a um comentador? Resposta complicada ,mas não esqueçam que ao se reportar determinada notícia tem que se ter em conta que é sob aquela forma que o telespectador ou leitor a irá receber. Bem sei que esta é uma questão diferente das faltas de respeito mas ainda assim cuidado, muito cuidado.

2 comentários:

Ana 26 de abril de 2009 às 21:22  

Eu considero uma falta de respeito e uma falta de profissionalismo.

“Não morde mas rosna. E às vezes rosna muito”.

Que é isto? É que parece mesmo à sketch dos gato fedorento ou doutro programa humorístico qualquer. A meu ver era aceitável a senhora jornalista dizê-lo se não tivesse ali em termos profissionais. Agora assim, como jornalista em âmbito de trabalho, acho incorrecto. Por muita vontade que ela pudesse ter em dizê-lo e por muito que o nosso sir. primeiro ministro o tivesse a pedir com o "Claro, eu não mordo" (super engraçado este homem), há que saber manter o profissionalismo. Senão, era ver os jornalistas a dar gozo a torto e a direito na televisão e fazerem de um telejornal, p.ex., um programa de humor.

Jorge Wahnon 27 de abril de 2009 às 01:10  

Caro Sr. Doutor,
Terão os jornalistas que ser imparciais?
Em Portugal, tem sido essa a cultura, porém outros países há que não vêem uma obrigatoriedade de isenção da imprensa. Não seria melhor os telespectadores saberem que seguem notícias em meios de comunicação tendenciosos. Saberem quais as suas inclinações políticas, de forma clara e aberta, em vez de se cair na falácia do "se a televisão diz é verdade"?
Quanto às faltas de educação, difamações e outras ofensas, obviamente, condeno-as.
Cumprimentos!