Grande exagero

>> domingo, 26 de abril de 2009

Poucas coisas na vida devem ser feitas de forma desmedida. O amor a Deus, ao próximo, o carinho que damos e as vezes que dizemos AMO-TE, são das poucas realidades que podem, e devem, ser feitas sem nenhuma medida. De forma apaixonada, como se exige.

Mas a grande maioria das coisas, devem ser feitas com conta, peso e medida. Ponderando, de forma racional, os custos e benefícios que cada atitude nos detrás. Pesar as atitudes, e faze-lo, em diversos patamares. Devemos sempre ponderar se o que fazemos atenta contra os nossos próprios valores, contra nós próprios. Se tomarmos aquela atitude nos vai ou não impedir de no dia seguinte, quando formos fazer a barba, ter orgulho no que vemos reflectido no espelho.

Depois ter em consideração que a nossa liberdade acaba onde começa a liberdade do próximo. Não devemos fazer com que as nossas atitudes projectem efeitos nefastos na esfera dos que nos rodeiam. Amigos, inimigos, sociedade em geral.

Mas será que com isto se quer dizer, que não é saudável, um grau de loucura nas nossas acções? A tal irracionalidade? Pelo contrário, isso é saudável. Faz parte do crescimento.

Vamos lá descer à vida prática.

Tem algum mal beber um copo com os amigos, ou vários copos, numa ocasião especial, chegando ao alegremente bem disposto, quando a ocasião assim o permita e até aconselhe? Claro que não. Mas já vejo mal, em beber por beber, em ingerir 4 ou 5 vodkas numa noite, ainda que o sabor a melão seja agradável, quando não se quer matar a sede, não se está a beber socialmente, simplesmente, tem-se vontade de fazer figura de otário/a. Até nos podemos rir um bocado. Mas seguramente quem nos observa ri-se mais.

Terá algum mal, um dia, deixarmos as obrigações académicas, sairmos porta fora e irmos para um qualquer sitio, simplesmente respirar ar puro, apanhar sol e conversar com uns amigos? Concerteza que não. É desejável até. Mas qual será o resultado se adoptamos essa postura, sistematicamente?

O problema situa-se muito aqui. Existe um caminho, mais ou menos largo, que se reconduz à matriz de normalidade exigida numa sociedade civilizada. E o caminho é bem largo. É escusado procurarmos sair desse caminho. Mas, eu vou mais longe. Admito até que se possa, em situações especialíssimas, muito concretas e delimitando bem as suas consequências, sair fora desse caminho. Ter um par de horas de irracionalidade. E digo-vos mais: Faze-lo, desta forma, é ser-se, in the end of the day, racional. É não nos afastarmos do caminho.

Como é sabido, frequento poucas vezes espaços de diversão nocturna. Mas lembro-me de cada noite que saí. É verdadeiramente especial. Sei a companhia, sei o que se disse, onde se foi. Quem sai 3 ou 4 vezes por semana, não atribui especialidade a nenhuma dessas vezes. É impossível.

Não digo que tenho 20 amigos. Tenho menos que isso. Um grupo muitíssimo restrito de pessoas que são verdadeiramente meus amigos. Mas com essas pessoas estabeleço relações de enorme profundidade, respeito e amizade. Considero-me um excelente amigo, precisamente, porque atribuo grande especialidade a essas pessoas. Torna-se mais difícil, faze-lo com 30 pessoas.

Viver é também ponderar. Secalhar já me passou pela cabeça um conjunto de situações, que não as fiz. E não interferiam com ninguém, não iam contra a liberdade de ninguém, e até poderiam não atentar contra os meus valores. Mas provavelmente iriam ter repercussões na minha vida. Preocupo-me imenso, talvez demasiado, em não manchar a camisola.

E na vida, podemos estar 4 anos e 2 meses a ser fantásticos e com atitudes brilhantes. Ser um exemplo. Mas o ser humano tem a triste capacidade de em poucos meses estragar tudo isso. Por causa do exagero, da não ponderação. Em alguns casos, é patológico.

Que grande exagero, pá!

1 comentários:

Ana 26 de abril de 2009 às 21:03  

Atitude !

Tudo uma questão de atitude...

"Nada pode impedir o homem em alcançar seu objectivo com a atitude mental correta; nada no mundo pode ajudar o homem com a atitude mental errada." - Thomas Jefferson