Derby, por Jorge Batista e Pedro Correia

>> sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

1. Como perspectivam as meias-finais da Taça da Liga? A vossa antevisão vai no sentido de um derby lisboeta na final?

Pedro – Julgo que ambos os jogos são bastante díficeis quer para o Benfica como para o Sporting. Relativamente ao Sporting - Porto será interessante vêr de que modo o Porto irá fazer a gestão do plantel que fez até aqui, já que será na semana em que joga com o Benfica.

Jorge – Apesar da novela em relação ao "goal-average" do Belenenses, é óptimo que nesta competição os 4 primeiros classificados da liga do ano passado estejam agora frente a frente. Acho que a partir daqui não haverá tanta rotação de jogadores, mas apenas uma ou outra dispensa de algum jogador mais utilizado. Era muito positivo que Benfica e Sporting se encontrassem na final, assim espero... estes clássicos dão magia ao nosso futebol que tanto precisa.

Pedro – Com o efeito suspensivo requerido pelo Belenses o jogo do Benfica pode não se realizar. De facto já existem algumas personalidade ligadas ao Direito a darem razão ao Belenenses. Não vou abordar aguardo simplesmente pela recalendarizaçao e em que condições será feita.

2. Concordam com a ideia da candidatura iberica ao mundial de 2018?

Jorge – Considero que é uma oportunidade muito importante para o nosso país. Com um parceiro do nível da Espanha do nosso lado, é possível que o evento se venha a realizar em Portugal, o que seria um orgulho imenso para todos os portugueses...
afinal, é o 2º maior evento desportivo do mundo.

Pedro – Sem dúvida Jorge, o Mundial seria interessante. No entanto, perceba-se que o envolvimento nacional nesta candidatura conjunta, objectivamente, passa por acrescentar mais 10 milhões de pessoas ao mercado Espanhol. Temos 3 estádio com as condições necessárias, dois deles na mesma cidade, ou seja, ou o Estádio da Luz ou de Alvalade ficariam pelo caminho segundo a politica da FIFA, e refira-se que tanto o jogo de abertura como a final seriam em espaço espanhol. Estamos a falar de um número reduzido de jogos a realizar em Portugal. A isto acresce o facto de daqui a 9 anos se terem que fazer algumas restruturações.

Jorge – Mesmo tendo esses pontos negativos em mente, não deixa de ser uma competição na qual Portugal deve apostar. Discordo com Teixeira dos Santos quando este diz que o Mundial não é uma prioridade para Portugal. De facto, a curto-prazo, não é... tal como o TGV por exemplo. Mas ele só tem de garantir que, daqui a 9 anos, a nossa situação seja suficientemente estável para que projectos como este possam ser aproveitados para dinamizar e fazer chegar Portugal a todos os cantos do Mundo.

Pedro – Acho que a possibilidade de entrarmos nesta candidatura deve ser encarada com seriedade, façam-se os estudos de impacto económico reconhecendo que o factor Marketing é aqui fulcral. Desenganem-se contudo aqueles que pensam que os problemas do nosso futebol se resolvem com Mundiais.



3. Consideram que a arbirtragem portuguesa, está, efectivamente, no top 10 mundial, como afirmou Vitor Pereira?

Pedro – Gostava de conhecer a entidade que estabelece esse ranking. Provavelmente deve ser a Standard&Poor ou algo semelhante. Vamos ser responsáveis. Objectivamente, a arbitragem portuguesa é fraca, falhou o ultimo europeu, o ultimo mundial. Esta jornada da taça da liga foi pródiga e elucidativa. Existem erros técnicos inconcebíveis mas sobretudo muita trapalhada. Recordo-me de um lance do último Sporting - Paços de Ferreira em que o árbitro da partida numa situação de lançamento lateral e a 5 metros da jogada, pergunta ao assistente a mais de 20 metros a quem deveria ser atribuída a falta. Aliás, existiu nesse jogo um somatório de situações que denunciaram um claro não acompanhamento das jogadas. Não estaria preparado fisicamente? E voltamos à questão da profissionalização que parece ter ressurgido esta semana. Não vejo na profissionalização uma fórmula milagrosa.

Jorge – Concordo perfeitamente contigo, é absurdo falar-se em top10 quando ainda temos árbitros a cometer erros recorrentes e que mancham os nosos jogos. O timing destas declarações, assim como outras proferidas por Vítor Pereira, é absolutamente ridículo quando cada vez mais têm havido resultados influênciados pela má arbitragem. Também não sei se a solução passa só pela profissionalização, se pela introdução de novas tecnologias e video na arbitragem, só sei que os jogadores não são responsáveis pelo descrédito que os adeptos sentem em relação ao futebol, como esse senhor pretendeu transmitir. A falta de seriedade do presidente da Comissão de Arbitragem da liga surpreendeu-me muito na medida que o tinha como uma pessoa responsável e realista, resta-me tender para o mesmo pedido que o Sporting e o Braga fizeram... a sua demissão.

4. A dinâmica de vitória, alicercada em alguns resultados positivos consecutivos, por parte do Benfica, é garantia de que este é mesmo o ano do Benfica, no que ao campeonato diz respeito?

Jorge – Não queria aqui acusar “clubite” mas não encontro assim tanta dinâmica de vitória no Benfica como isso. Na minha opinião, dinâmica de vitória teve o Porto e posteriormente o Chelsea com José Mourinho. O Benfica, neste momento, não tem argumentos que lhe permitam afirmar, muito menos garantir, que é o principal concorrente ao título. O Sporting e o Porto, felizmente, ainda participam nessa luta tal como a tabela pontual nos transmite.

Pedro – Vou ser coerente, tal como quando atravessamos aquele pequeno período de crise não coloquei em causa o projecto, neste momento, a pesar da consistência demonstrada não devemos entrar em euforias. Temos plantel e equipa técnica para vencer a Liga Sagres mas é necessária estabilidade em torno do futebol do Benfica.

5. São a favor ou contra, a inclusão, do jogador do Sporting, Liedson, na Selecção Nacional?

Pedro – Por príncipio sou contra estas aquisições de jogadores extrangeiros pelas selecções nacionais. Desvirtua completamente a essência dos jogos internacionais e depois haverá sempre a tal questão de num jogo que envolva tanto país de origem como de acolhimento, que interferencia terá na performance do jogador.

Jorge – Percebo o teu ponto de vista mas não partilho a tua opinião. Claro que devem ser estabelecidos critérios rigorosos para estas “aquisições de jogadores estrangeiros pelas selecções nacionais” mas, quando estes sejam respeitados, não tenho complexos em aceitar essa naturalização. O facto de um jogador viver em Portugal há muitos anos, como Liedson ou outrora com Deco, é um critério suficiente para a naturalização de uma pessoa, logo um jogador não deve ser diferente nesse aspecto. Isto para não falar nas mais-valias que, ao englobarmos jogadores deste gabarito na Seleção, nos dariam... afinal, a França que foi campeã do Mundo tinha também muitos naturalizados, é algo que a globalização nos proporiona e que temos de viver com isso.

Pedro – Aceito o teu ponto de vista, mas sobre quem recairá o ónus de decidir se existe suficiente proximidade cultural para um jogador poder alinhar pela selecção? É díficil legislar isto e dado o potencial futebolistico do Brasil podemos passar a ter uma selecção brasileira no Europeu e dezenas de jogadores brasileiros no Mundial. Não me parece que este seja o caminho mas os senhores da FIFA lá saberão.

6. Como avaliam as experiencias internacionais de Scolari e Mourinho, respectivamente, no Chelsea e no Inter de Milão?

Jorge – De facto, todos estavamos à espera de melhor. Especialmente do Special One que, embora ainda em todas as frentes e bem posicionado para ganhar troféus, não conseguiu ainda conferir ao Inter aquela magia de futebol que deu ao Chelsea. Provavelmente, podem ser culpadas as diferenças do futebol inglês e italiano, dada a rigidez física e técnica do Calcio. Outros factores como falta de “matéria-prima” podem justificar este começo ligeiramente tremido. Já Scolari, penso que acusou claramente alguma inexperiência a nível de clubes mas, sobretudo, uma dificuldade muito grande em gerir o seu grupo de trabalho, não conseguindo unir e motivar os seus jogadores para enfrentarem uma época dura, intensa e muito competitiva. Aí, Mourinho foi exímio...

Pedro – Acho que tá tudo dito. O Inter tem jogadores fantásticos, quanto a mim aquele que poderá ser o melhor jogador de 2009 Ibrahimovic. Vou ficar a aguarda com expectativa pelo dia 24 de Fevereiro altura do Inter Manchester que promete. Confesso que não gosto do futebol praticado pelo Chelsea. Para mim Lampard e Deco não encaixam na mesma equipa e eu não queria estar lá para escolher um. Os problemas com Drogba também têm prejudicado muito a produção da equipa. De um modo geral, aquela chama motivadora de Scolari vai se desvanecendo.

Jorge – Não queria desvalorizar a capacidade psicológica de Scolari de motivar os seus jogadores, depois do que fez na nossa selecção e, mais importante ainda, no nosso país, em todos os portugueses no geral. Espero que ambos tenham a melhor sorte em 2009 e que sejam reconhecidos como grandes treinadores que são.

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