Dia B, por Bruno Antunes

>> sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um candidato surpreendente.

Num texto anterior da rubrica “Dia B” dei conta ao leitor de que se esperava uma luta essencialmente reduzida a dois candidatos no que à Presidência da República diz respeito. No entanto, alertei in fine para a possível alteração deste cenário caso um novo candidato surgisse. Ora, parece que esse candidato surgiu. Fernando Nobre será candidato a Presidente da República.
O Presidente da AMI é assim aparentemente o terceiro a entrar na corrida a Belém, digo aparentemente porque Cavaco ainda não disse ser candidato mas presumivelmente sê-lo-á. Com este novo candidato, o cenário eleitoral poderá estar incrivelmente condicionado.

Expliquemo-nos. No tal anterior texto a que já aludi acima, escrevi que sendo a luta a dois dever-se-ia conhecer o vencedor logo na primeira volta. Convém fazer um esclarecimento. Disse naquele texto que o PCP deveria apoiar Manuel Alegre mas tal não é líquido, aliás pelos vistos nem provável é, pelo menos numa primeira volta, de acordo com o que tenho ouvido. Assim, olhemos para estas eleições com quatro presumíveis candidatos: Cavaco Silva, Manuel Alegre, Fernando Nobre e um candidato comunista.

Neste cenário, verificamos a existência de três candidatos à esquerda, um à direita. Ora, esta parece ab initio uma reedição de 2006, com muitos candidatos à esquerda e um único à direita, o que eventualmente a beneficiar alguém será o candidato da direita, Cavaco Silva. No entanto, Fernando Nobre é uma incógnita enquanto candidato presidencial na medida em que não tem máquina partidária mas tem a imagem de uma pessoa que ajuda outras pessoas através da AMI, aliás ficou na 25º posição no programa “Melhores Portugueses”.

Assim, muito do que nestas eleições se vai passar está sujeito à campanha de Nobre. Uma coisa parece em certa medida segura, é que aqueles que dentro do PS se recusam a votar Alegre por o acharem demasiado à esquerda e crítico de Sócrates, podem ter aqui um candidato em quem votar, resta saber se Nobre conseguirá ainda retirar o eleitorado de Alegre que só votaria neste por ser o candidato presumivelmente apoiado pelo PS.

À primeira vista, se Fernando Nobre chegar aos 10% é uma vitória para o mesmo, diria, mas ao mesmo tempo o surgimento deste candidato pode ter entregue em bandeja de ouro um novo mandato presidencial a Cavaco, na medida em que os votos da esquerda se dispersam, fortalecendo o candidato da direita, como acima explanámos.

No entanto, importa fazer um reparo, não faço futurologia e por isso posso estar totalmente errado, esta é uma mera análise, não sei quem vai ser o próximo Presidente. Para além disso, espero que o actual saiba como controlar o clima de crispação institucional hoje existente.

0 comentários: