Colaboração no Psicologia para Psicólogos*

>> sábado, 27 de fevereiro de 2010

*Escrevi este texto, a convite do meu amigo Tiago Fonseca, estudante de Psicologia. O texto foi publicado no Psicologia para Psicólogos que podem consultar no bloco de Links na barra lateral.

A convite do Tiago, aceitei o desafio de escrever um texto que tentasse relacionar o Direito e a Psicologia, tarefa que não se afigura fácil, tanto mais que esbarra desde logo, no obstáculo inicial de definir o que seja a psicologia, pelo menos, de obter essa definição num sentido estrito, especifico, objectivo.

O único caminho para esta indagação, será portanto, afastar-nos de uma definição cientifica ou técnica do que seja Psicologia, e apreciarmos a sua vertente subjectiva, observando a disciplina de forma empírica, e partindo do pressuposto que Psicologia será um melting pot de capacidade de ouvir, descortinar os problemas em questão com base no que se ouve e, finalmente, apontar soluções ou caminhos de resolução desses mesmos problemas. É uma definição lata do que é a Psicologia, provavelmente tecnicamente errada, mas tem a grande vantagem de ser do conhecimento imediata e corresponder à ideia generalizada de todos os seres.

Se entendermos a Psicologia nesta vertente mais ampla, poderemos afirmar que existem inúmeras decorrências desta ciência, sendo as suas manifestações evidentes num conjunto muito alargado de áreas, a título de exemplo, pense-se na importância cada vez maior dos denominados mind games no desporto. Assim, pensando a Psicologia, como uma capacidade de rapidamente observar o problema e resolve-lo, descortinando essa problemática de uma forma sensorial e quase imediata, nada obsta em afirmar a importância da Psicologia no Direito.

Novo Problema: A definição do que seja Direito. Poupando-nos a todos de uma definição académica do que seja Direito e de abstracções teóricas, que sendo importantes numa perspectiva de fundamentação e enquadramento do estudo de Direito, mas que remeto para um qualquer bom Manual de Introdução ao Direito, proponho que fiquemos na observação empírica, e vou mais longe, confinemos a nossa análise à materialização do Direito, numa sala de julgamento, enfim, porque não afirma-lo, ao mind game gigante que é um julgamento – será uma doce ilusão, pensar-se que um julgamento é algo técnico, confinado a uma argumentação jurídica, sem qualquer estratégia processual ou substancial.

Adoptando esta perspectiva, sim, a Psicologia tem inúmeras decorrências, e é importante num conjunto variadíssimo de áreas. Os problemas que se podem levantar, mas que deixo para uma eventual discussão na caixa de comentários ou numa qualquer mesa redonda, optando por não me pronunciar sobre os mesmos, é se aquilo a que designei por Psicologia será uma característica inata a cada um de nós, ou, pelo contrário, se será uma dotação adquirida, isto é, se à capacidade de em termos imediatos perspectivar o problema e dar a solução, é algo que, naturalmente, umas pessoas são melhores do que outras, ou, pelo contrário, se isso se pode aprender num qualquer curso, por exemplo no Curso de Psicologia. Um outro tópico, que gostaria de aditar, sem dar qualquer opinião, é se a Psicologia, como ciência importante com tantas decorrências pode ser ensinada num curso superior, mais, se o curso de Psicologia contribui, de forma alguma, para esse exercício.

Da minha parte, resta apenas dizer, que acho que as decorrências e a importância da Psicologia é demasiado grande para se poder confinar a um qualquer escritório de atendimento. Será que José Mourinho, tocando no desporto novamente, não será mais psicólogo do que muitos dos licenciados em Psicologia?

Volto a agradecer o convite do Tiago e peço desculpa aos leitores pela óbvia falta de fundamentação técnica para falar da temática, especialmente no que se refere à Psicologia, cujo meu conhecimento é meramente empírico. Espero poder aprender um pouco mais convosco, na caixa de comentários ou numa qualquer mesa redonda, como referi anteriormente.

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