Casamento - Instituição em Falência?

>> sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Há poucos dias, foi noticiado que o número de casamentos continua a descer e o número de divórcios a aumentar. Hoje, existem já quintas (as mesmas que organizam os casórios) a providenciar festas de divórcio. É um novo paradigma: Dantes tínhamos as despedidas de solteiro. Agora, começamos a ter as despedidas de casado.

Há 40 ou 50 anos atrás, as interacções que existiam eram muito menores. Existia uma menor mobilidade, as pessoas saíam pouco da sua terra, quase nunca do seu país, regalia apenas ao alcance dos mais endinheirados. Hoje, nada é o mesmo. Os jovens estudam cada vez mais, e para prosseguirem os seus estudos, muitas vezes abandonam as suas localidades dirigindo-se às grandes metrópoles. Depois, já no Ensino Superior, institucionalizou-se o Programa Erasmus que faz com que durante bastantes meses os jovens vão até outro País. Por outro lado, a mobilidade laboral, torna hoje uma situação normal o trabalho no estrangeiro, quer pela proliferação das multinacionais quer, igualmente, pelo trabalho directo no estrangeiro. Enfim, as viagens de avião, com as companhias low cost são hoje muito mais acessíveis, ainda há poucas semanas, um amigo meu foi à Suécia passar 4 ou 5 dias, por pouco mais de 100 euros.

Por outro lado, as novas tecnologias permitem uma interacção muito maior, muito mais constante com as pessoas. Há 15 anos atrás, falava-se com os colegas de turma ou trabalho e pouco mais. Hoje já não é assim. Com os telemóveis, as mensagens gratuitas, pode existir uma interacção quase constante com muitíssimas pessoas. Com as redes sociais conhecemos pessoas de todos os cantos do mundo. Com os programas de conversação instantânea podemos estar 3 ou 4 horas à conversa com várias pessoas, que há 15 anos não existia.

Tudo visto, a quantidade de pessoas com que interagimos é hoje muito maior. Enfim, friamente, as escolhas que podemos tomar são muito mais. Aliado a isto, o facto de se estudar até cada vez mais tarde, período a que se segue uns primeiros anos de trabalho com grande intensidade e horários totalmente incompatíveis com uma vida familiar estável, a emancipação da mulher hoje independente financeiramente e com maior possibilidade de dizer “Não”, coloca em causa, verdadeiramente, o facto de as pessoas se Casarem.

Hoje em dia os regimes da união de facto, funcionam muitas vezes, como um verdadeiro período experimental. Mas noutros casos não. As pessoas não tem necessidade de se casar, aliás, os custos associados ao Casamento e o trabalho exigido desmotivam igualmente quem já está a viver, para todos os efeitos, numa situação similar à do casamento.

A figura do Casamento encontra-se em crise, por todas estas razões. E muitas outras , que não devem agora ser chamadas à colação. Não digo que desapareça, mas afirmo, peremptoriamente, que caminhamos para que a figura se torne residual, não na minha geração, mas provavelmente na geração dos meus filhos, passando de um leque de 98% de pessoas que se casavam, para valores na casa dos 20 ou 30%.
Eu, vejo me casado. Vejo me com filhos e a constituir família. Mas vejo que concluir a Licenciatura e concluir o Mestrado, mais alguns anos de trabalho incrivelmente incompatível e dois ou três desejos pessoais a realizar para depois de tudo isso, podem empurrar esse facto para bem perto, aliás, provavelmente, para depois dos 30.

E o leitor que pensa disto?

2 comentários:

Ana Suwa 26 de novembro de 2009 às 22:42  

Houve muitas alterações na sociedade com o decorrer dos anos:
a mulher ocupou um lugar maior no mercado de trabalho, o divórcio passou a ser garantido por lei, o perfil da família mudou e, com ele, muitos sonhos e prioridades também mudaram. O casamento já não é visto da mesma forma como antigamente. O compromisso, outrora valorizado e preservado, está neste momento sujeito às intempéries da vida; o que antes parecia eterno passou a ser temporário. A mentalidade das pessoas também mudou muito, há mais open-mind nesta sociedade, para o bem e para o mal. Prova disso está a discussão do casamento homossexual. Casamento cada vez mais desvalorizado pelas pessoas e, surpresa das surpresas, cada vez mais apetecido por este grupo minoritário da sociedade. Infelizmente, é o que se regista... Cada vez mais divórcios, cada vez menos casamentos e outros ideais de viver em casal a submergir.

Caricato:

http://www.ionline.pt/conteudo/34784-enfim-livre--compre-o-bolo-divorcio

E por curiosidade... O vídeo na notícia é uma imitação de um outro (neste, tratando-se dum casamento)e já foi visto por mais de 20 milhões de pessoas. Anda pelo youtube.

Tiago Mendonça 27 de novembro de 2009 às 01:29  

Tudo se resume a isto: Deve se observar as situações com uma perspectiva futurista, com as adaptações necessárias ao mundo dos nossos dias. Mas existe um conjunto de valores fundamentais, que devem a todo o custo ser preservados.