Os partidos em Portugal

>> quarta-feira, 10 de junho de 2009

Estas eleições europeias vieram colocar a nu, várias realidades que vinha referindo à muito tempo. Desde logo, a falência da confiança que qualquer um de nós pode ter nas empresas de sondagem. E não é destas a culpa. Hoje, ainda existe o estigma da bipolarização ricos-pobres, Direita-Esquerda. Hoje, ainda é muitíssimo difícil para alguém afirmar que vota no CDS-PP. Daí que, consecutivamente, o CDS venha obtendo belíssimos resultados nas urnas, e péssimos indicadores nas sondagens.

O mesmo com o PSD, ainda que numa escala mais reduzida. Nestas europeias, ou se votava no Governo ou caso contrário, respondia-se, não sei, não respondo. O resultado não me surpreendeu. Talvez apenas a diferença tão grande entre os dois partidos, e o facto de BE e CDU juntos ficarem a menor distância do PS que o PS do PSD.

Estas eleições traçam também o que será a repartição dos votos pelos partidos, grosso modo, nos próximos anos. BE e PCP vão chegar, juntos, aos 25% dos votos. PS e PSD terão sempre, cerca de 30% dos votos. CDS tocará nos 10%. Os outros 5% são dispersos pelos pequenos partidos. Ou seja será possível formar maiorias, somente com coligações PSD-CDS e outros partidos, ou com o PS e os partidos da esquerda radical.

Mas que partidos temos afinal em Portugal? E vou, por uma questão de tempo e de poupar o caro leitor, os partidos que considero de menor relevância no espectro político nacional.

Temos quatro grandes partidos. Originariamente era assim. O PCP, encostado à esquerda, baseado numa votação da população idosa, que observa o PCP muito mais como um clube e muito menos como um partido, que até há uns anos atrás vinha tendo uma juventude activa, promissora, e que fazia os comunistas acreditarem que se poderiam manter mais tempo como uma força partidária relevante. Hoje não o é assim. O clivo geracional é enorme. E o BE, foi mestre. Percebeu, precisamente a sua janela de oportunidade. Os jovens, os descontentes do PS, que querendo votar à esquerda, procuram uma alternativa mais moderna e progressista que o PCP e os renovadores do Partido Comunista. Com isto, assinaram a sentença de morte do PCP, que se deverá resumir, daqui a uns 10 ou 15 anos, à votação de um partido pequeno. Até porque, ninguém minimamente informado, acreditará nas vantagens de um modelo socioeconómico baseado no comunismo.

O BE, como disse é um partido de momento. Um partido que não tem qualquer sustentáculo teórico, baseia-se na demagogia barata, mas que tem na sua liderança quadros muito inteligentes que perceberam precisamente onde deveriam posicionar o Bloco de Esquerda. Fizeram-no bem, e em poucos anos, assumem-se como a terceira força política em Portugal. O BE, caminha, a passos largos, para mais dia menos dia, aglutinar os próprios Comunistas. O problema será quando chegar ao poder. O BE não pode chegar ao poder. Quando isso acontecer, rapidamente são excluídos. As pessoas só votam no BE, porque são os tipos anti-sistema, anti-partidos, até.
O MPT. Um partido colado uma bandeira. O Ambiente. Mas talvez a bandeira mais importante. Sobre a égide de Pedro Quartin Graça, o MPT teve agora um grande resultado. E julgo que tem todas as condições para se afirmar. Acho que tem todas as possibilidades para colocar, por si só, um deputado na Assembleia da República.

O CDS-PP. É um partido de excelentes quadros, com um líder de enorme inteligência, tacto político. O que melhor se adaptou aos debates quinzenais na AR. Mas é um líder que não seca. Nuno Melo, Pedro Mota Soares, Diogo Feyo, Teresa Caeiro e tantos outros nomes, transformam o CDS num partido sólido, de propostas credíveis. Um partido que eu seria perfeitamente capaz de votar. Aliás, tivesse o CDS uma maior expressão, que lhe permitisse um maior trabalho no terreno e conseguiria aglutinar muito mais jovens que lhe permitiria crescer. E fosse também um partido um pouco mais amplo. Aí, com estes quadros, seria imparável. Mas é um grande partido. E um partido que vai dar muito que falar.

O PS. Para começar tem uma juventude partidária, que está tanto ou mais à esquerda que o Bloco de Esquerda. Às vezes toca o demagógico. Parece-me que de todos é o partido mais aparelhista, mais tachista. Sem qualquer quadro politico de grande relevância, se excluirmos Sócrates, Vitorino, e, para quem gosta, António Costa. Sócrates, diferentemente, de Paulo Portas, secou tudo à sua volta. Veja-se o que foi feito com Carrilho, Soares (Pai e Filho) entre outros. E o que se tentou fazer com Alegre. Um partido, que está longe de ser o principal partido em Portugal.

O PSD. É um partido diferente de todos os outros. Não direi melhor. Não direi pior. Mas é diferente. É um partido, do tipo americano. O mais amplo de todos. No PSD temos defensores do Aborto, das Drogas Leves, da Legalização da Prostituição e do Casamento Gay. Temos no PSD também, aqueles que defendem uma restrição à entrada de estrangeiros no nosso país, os que são frontalmente contra qualquer um dos temas a que fiz menção, e uma ala liberal, de intervencionismo zero por parte do Estado. No PSD, cabe tudo. Cabem todos, cabem todas as opiniões. É um partido que é impossível que alguém não se enquadre (excepto a esquerda radical). Pois neste partido cada um pode ter a sua opinião. E como é um partido grande, consegue chegar, mais facilmente, em relação ao CDS, por exemplo, junto das pessoas. Consegue promover oportunidades para que essas pessoas desenvolvam um trabalho, assente nessa pluralidade. Que ao mesmo tempo não vai contra a identidade e a matriz ideológica.

Para o futuro, acho que o PSD tem todas as hipóteses de ganhar as legislativas. Viu-se nas Europeias. O PS chamou à colação Zapatero, Soares, Costa. Sócrates fez a campanha europeia toda, envolveu-se como ninguém. Na lista socialista, constavam alguns dos mais ilustres conhecidos daquele Partido. Capoulas Santos, Correia de Campos, Ana Gomes, Elisa Ferreira, Edite Estrela. Todos a darem o máximo. 6 ou 7 outdoors diferentes. Trabalharam como ninguém. E tiveram 26%. Uma tristeza. Mas, note-se, mesmo que o PS vença, terá que se coligar. E será uma coligação muito difícil de ser suportada. Sócrates, coligado ao BE, demoraria 1 ano a cair. Ao PCP 6 meses. Depois disso, da análise que faço, teremos, novamente, um longo ciclo do PSD à frente dos destinos de Portugal.

3 comentários:

Anónimo 10 de junho de 2009 às 20:38  

Olh agradecia é ke voltasses ao teu post de 31 de Maio sobre o ENEE para por favor emitires agora o teu parecer tão sobre...

Axo que não sabes com quem te foste meter...

Anónimo 10 de junho de 2009 às 20:39  

Olha agradecia é que voltasses ao teu post de 31 de Maio sobre o ENEE para por favor emitires agora o teu parecer tão nobre!!!

Ricardo Andrade 11 de junho de 2009 às 17:20  

Caro anónimo,
Faço-lhe dois pedidos:
O primeiro é de que não se esconda pr detrás de uma capa e assuma as suas convicçoes ligando-as publicamente a um qualquer tipo de identidade a que todos nos possamos dirigir sem ter o sentimento de que estamos a escrever a um qualquer "Deep Throat"
O segundo é de se coiba de fazer comentários ameaçadores que nem ajudam a promover o dialogo nem lhe ficam bem a si.