Dia B, por Bruno Antunes

>> domingo, 28 de junho de 2009

Eleições Legislativas e Autárquicas.

Já escrevi sobre este tema mas creio não ser de todo impertinente voltar a focá-lo visto que foram tomadas decisões determinantes.

As eleições legislativas e autárquicas têm (neste momento) a particularidade de se realizarem no mesmo ano pelo que surgiu a discussão acerca da possibilidade de se realizarem simultaneamente ou em dias diferentes.
O PSD entende que as eleições deveriam ter lugar no mesmo dia alegando que financeiramente seria mais vantajoso e que se combateria de modo mais eficaz a abstenção.

Os restantes partidos com assento parlamentar (BE, PCP, Os Verdes, PS, CDS) entendem que as eleições deveriam ser em dias diferentes, fundamentando a sua posição no interesse da Democracia que assim seria melhor salvaguardado.
Devo dizer que estes alegados interesses não parecem corresponder à real motivação de quase todos os partidos.

Vejamos, todos sabemos que as eleições autárquicas são ganhas na generalidade das autarquias pelo PSD. PSD que sairia beneficiadíssimo de uma eventual colagem legislativas-autárquicas. Esta colagem também os beneficiaria porque a nossa Democracia ainda carece de maturidade, e como já escrevi, corre-se o risco de um povo que vota nas eleições europeias a pensar nas legislativas (na sua grande maioria) votar também nas legislativas a pensar nas autárquicas. Os motivos alegados não parecem de acolher. Ao que parece o dinheiro poupado numa realização simultânea das eleições corresponderia ao montante dispendido nas iluminações de Natal da Av. Da Liberdade, pelo que não seria tão caro como poderá parecer. Quanto à abstenção, esta não deve ser uma preocupação quando se chega a momentos eleitorais e também não pode ser combatida pontualmente numa eleição ou duas. Esta prática de combate à abstenção, que prezo, deverá ter lugar continuamente, não com a realização simultânea das eleições, que resta saber se não teria o efeito inverso e prejudicaria ambas com um afastamento generalizado.

O fundamento alegado pelos restantes partidos, da protecção da Democracia seria um bom argumento mas não parece ser aquele que está na base de tal posição. Esse fundamento parece ser antes o inverso do do PSD. Se o PSD costuma vencer as eleições autárquicas, os restantes partidos costumam perdê-las, necessariamente. Não lhes interessa uma eventual colagem.

Coube a decisão ao Presidente da República, que embora perfilhando (aparentemente) a posição do PSD, decidiu que as eleições seriam em dias diferentes. Parece-me a decisão acertada. É de facto aquela que melhor protege o superior interesse da Democracia para além de ter o apoio da maioria dos partidos com assento na A.R.
Já ouvi alguém na T.V. dizer que se o P.R. tivesse tomado uma decisão diferente correria o risco de perder as eleições presidenciais que se seguem (isto foi dito antes da decisão). Não creio que assim fosse, mas de facto o P.R. tomava uma decisão difícil e seria imediatamente conotado com o PSD.

Em suma, parece ter-se tomado a melhor decisão a bem da Democracia, a bem do país.

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