A arma dos fortes e a arma dos fracos.

>> quarta-feira, 17 de junho de 2009

Julgo que a grande arma de qualquer pessoa é a palavra. Uma frase mais bem conseguida, uma tirada retórica na hora certa, um base argumentativa sólida e dificilmente destrutível, um slogan que fique, é o suficiente para motivar, mobilizar e arrastar pessoas.

A campanha de Obama, foi impressionante. Um ou dois slogans fantásticos e bem introduzidos, o discurso fluente, motivador e apelativo à mobilização em torno de uma causa comum, foi o que bastou para a eleição esmagadora de Barack Obama.

O curso de Direito, mais até que o conhecimento técnico das diversas questões, ensinou-me algo muito importante. Abrir sempre várias sub-hipoteses, ou seja, observar a realidade e não aceitar como dado adquirido absolutamente nada. Questionar tudo, criticar, perceber as divergências doutrinárias e tomar posição sobre todo e qualquer assunto. Por outro lado, possibilitou, que me passasse a organizar muito melhor. Consigo, hoje, sistematizar muito melhor o meu pensamento, e em poucas linhas, ir ao essencial dos problemas, desmontando-os e exprimindo a minha opinião de forma clara e concreta.

Abandonei os discursos longuíssimos e redondos, em torno do sexo dos anjos. Com Direito, aprendi a observar a realidade, discuti-la e depois exprimir o resultado dessa reflexão de forma clara. Se conseguir juntar a isso, uma excelente fundamentação e alguma persuasão terei aí a melhor arma possível.

Acho que tudo se baseia no diálogo, na tolerância, no respeito. Na divergência de opinião, com respeito pelo que cada um pensa. E devo muito disto, ao curso de Direito, sem dúvida, o curso, que confere uma melhor preparação mental.

Uma ressalva, para enquadrar, o que disse, a melhor preparação mental, na lógica do próprio texto. Algumas mentes menos brilhantes e com puberdade fora de horas, poderiam desenquadrar o que disse, montando a revolta dos oprimidos. Como é óbvio outros cursos dão coisas muito positivas. Acho que o raciocínio sistemático, se ganha muito, também, em Engenharia. Acho que a Economia confere também um pensamento muito importante. Entre outros.

Mas se a palavra é a arma dos fortes, o insulto é a arma dos fracos. Invariavelmente quem recorre ao insulto, é porque não sabe nada mais. Quando se insulta alguém, é porque se chegou a um ponto, onde não se consegue rebater qualquer argumento, ou não se o consegue fazer de forma suficiente. Para além disso, demonstra que essa pessoa é realmente importante para nós, pois não conseguimos ignorar, e temos necessidade de ofender e insultar. Ou seja, demonstramos fraqueza mental, por um lado, e que aquela pessoa que ofendemos nos é muito importante. Mais, perde-se sempre uma discussão quando se recorre ao insulto. E tem que se ter cuidado, quando em certas sedes, se representam pessoas. No outro dia recebi imensas chamadas e mensagens a criticar determinado sector da sociedade. Fui eu, num gesto que considero de humildade, a defender essa classe, procurando demonstrar o perigo das generalizações. Lá por existirem pessoas cujo BI e QI tem uma disfunção assinalável, isso não quer dizer que todos os seres do mesmo género o tenham.

Um conselho, se mo permitem: Quando discutem um assunto, procurem estar bem fundamentados e exprimir a vossa opinião, de forma segura e sem medos, acutilante, motivante e mobilizadora. E joguem sempre em casa. Sempre no vosso campo. Se o interlocutor vos quiser levar para o campo dele, recusem. Por exemplo, nunca desçam abaixo de um limite mínimo de boa educação. E às vezes torna-se mesmo difícil conversar. Chegado a certo estágio de maturidade, nada de extraordinário, apenas compatível com o bilhete de identidade, ou, agora, com o cartão do cidadão, torna-se mesmo impossível perceber o que certas coisas querem dizer. Certos comentários só poderiam ter como resposta possível um “Quem diz é quem é”.

E transportem isto para a vida, ainda num tom de conselho, já mais afastado do tema central do texto. É importante estabelecerem os vossos princípios, a vossa conduta, a vossa forma de estar perante a vida, que não devem abdicar por nada. A cedência é fantástica, e vale sempre a pena perder uma boa resposta, a perder um bom amigo. O melhor sentimento do mundo é a capacidade de perdoar. De não guardar rancor. Mas nunca, nunca, se humilhem. Nunca joguem nesse campo. É o campo que o “adversário” gosta.

Desejo um mundo de fortes, de pessoas com grande qualidade e capacidade. Um mundo plural, que faça das fraquezas forças. Um mundo onde todos cabem. Quem é menos preparado, que tenha a humildade de, interiormente o reconhecer, e busque ser melhor. É o que eu faço todos os dias. Estou longíssimo, de ser sabedor do quer que seja. Tento aprender com todas as vivências e experiências e sair melhor de cada uma dessas vivências. Até com revoluções liceais se aprende.

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