Clubite

>> terça-feira, 12 de maio de 2009

Aqui há uns dias falei-vos da minha concepção do amor. A minha teoria sobre as relações amorosas. Hoje falo-vos da Clubite ou do clubismo.

É algo que foge à razão. Porque raio é que somos do Porto ou do Sporting? Qual é a razão de fundo que nos faz ser de um clube? Que nos faz sofrer e ter as pulsações a 120, que nos faz deixar de ir àquele jantar para pagar a quota de sócio, que nos faz gastar 25 euros em 90 minutos, num qualquer Benfica – Trofense, que nos faz parar tudo o que estamos a fazer para ver, nem que seja, o Naval – Sporting? Porque é que choramos quando o nosso clube perde? Porque é que gritamos e comemoramos efusivamente quando um qualquer Farias faz um golo (eu não comemoro)?

O Futebol é inexplicável. Porque é que somos do Benfica e não somos do Sporting? Às vezes até, casos bem curiosos, como os de uma família, toda ela, Benfiquista e apenas uma pessoa do Sporting. Que sofre intensamente. Mas porquê?

Porque é que nos chateamos com um amigo que nos dá tanto de bom, por um pequeno erro, ou por um mal entendido qualquer, mas continuamos com uma devoção tresloucada pelo nosso clube, que não raras vezes, nos dá mais tristezas do que alegria?

O que é que faz um adepto do Sporting comprar um bilhete de época, em cada uma das 18 épocas em que o Sporting não foi campeão?

É tudo algo de inexplicável. E já pensaram no efeito que tem a mudança de camisola? Eu cá por mim, abomino o Bruno Alves. Mas se ele fosse do Glorioso?

E o que achavam os Sportinguistas do Derlei, Jardel, João Pinto, Paulo Bento e tantos outros jogadores que anos antes jogavam num rival? E nós Benfiquistas que vibrávamos com os golos do Rodriguez, quantos nomos já chamámos a mãe do rapaz? E Simão? Grande herói benfiquista, antes desprezado Sportinguista. Mourinho, treinador do Benfica, como era visto pelos adeptos do Futebol Clube do Porto? E Jesualdo? E Jardel, aquando da digressão pelo Sporting?

Uma camisola, um emblema, muda tudo. É algo de inexplicável.

Por oposição ao que disse naquele post em que vos falei do amor, será que não é este o verdadeiro amor? Aquele amor, incondicional, onde não se espera recompensa, onde se perdoa tudo, época após época, onde as desilusões rapidamente passam à história? Não será, com todo o grau de probabilidade, este o verdadeiro amor eterno?

Para pensar.

0 comentários: