Portugal, por Tiago Mendonça

>> sexta-feira, 17 de abril de 2009

Em muitas conversas que fui tendo, nos últimos meses, nos últimos anos, fui deixando a minha critica ao que é hoje, parte da Juventude Portuguesa. Uma juventude acrítica, fútil, desligada dos assuntos fundamentais da nossa sociedade, que não sabe, não quer saber e tem raiva de quem sabe.

A pergunta que me foram colocando ao longo dos tempos, era, inevitavelmente, a mesma: “ Tiago, o que é então para ti, um jovem, uma pessoa, interessante? “.

E eu fui respondendo, lançando um conjunto de ideias vagas; Cultura, Informação, Actividade. Por aí. Até que, esforcei-me para sistematizar o meu pensamento. Para mim um jovem interessante e potencialmente activo e decisivo na sua comunidade, deve respeitar 5 premissas fundamentais:

1- Informar-se. É o básico dos básicos. O elementar. Hoje em dia, é muito fácil. Sentamo-nos ao computador, clicamos em meia dúzia de páginas dos principais jornais, vimos uma síntese de um qualquer canal informativo, os vídeos das principais noticias transmitidas no telejornal e observamos três ou quatro blogues para termos os assuntos do dia já seleccionados e comentados. A papinha está toda feita. A mim choca-me que uma parte muitíssimo significativa das pessoas, não alcance sequer, o primeiro “degrau da pirâmide”. Muitas pessoas estão completamente alheadas do que se passa no mundo, no país. Sobrevivem. Tocam a vida. Mas não vivem. Não consigo entender como é possível viver assim. A sensação deve ser similar à de estar num qualquer exame em que não se sabe nada da matéria. As perguntas são chinês e as pessoas só querem é que aquilo acabe rápido.

2- Pensar. Após colher a informação é necessário reflectir sobre a mesma. Pensar a informação, não sermos acríticos. De nada interessa eu ler que existe um problema grave no sistema de Segurança Social, que o sistema pay as you go está falido, se não pensar no que isso significa, se não estiver disposto a pensar sobre o assunto.

3- Formar uma Opinião. Com sinceridade, devo dizer, que não existem assim tantas pessoas que ultrapassem os dois primeiros “níveis”. Não são, seguramente, a maioria. Após termos lido a noticia que nos dá conta do problema, termos pensado sobre essa temática, devemos formar uma opinião sobre o assunto. Somos contra ou a favor? Se somos a favor, porque é que somos? E o que é que podemos fazer para resolver o problema? A ideia das moções, nas juventudes partidárias constitui um óptimo exercício. Uma moção, lato sensu, resume-se a pesquisar informação sobre determinado problema, pensar sobre isso e depois formar uma opinião propondo um conjunto de soluções. O exercício é esse: Informar-nos, pensarmos e formarmos uma opinião. Chegado a este ponto o jovem está em condições de ser socialmente activo.

4- Difundir a opinião. Aqui o exemplo paradigmático é a Blogosfera. Que bom seria, um jovem, um blogue. Se as pessoas têm opinião sobre os vários assuntos devem difundi-la. Ser fonte de inspiração para os outros. Conceder outro ponto de vista. Lançar argumentos para o debate público, possibilitando o contraditório, o debate, fazendo nascer mais ideias, possibilitando um maior esclarecimento sobre o problema. E o ciclo volta ao início. Mais informação para quem inicia agora o seu percurso nesta pirâmide. É melhor ser opinion-maker que opinion-taker.

5- Ser activo. Chegou a última fase. Vamos colocar em prática tudo o que fizemos até aqui. Vamos ser activos na nossa sociedade e tentar que as informações que colhemos, pensamos, formamos opinião e difundimos sejam aplicadas. Podemos ser activos de várias formas. Em grupos de jovens, associações juvenis, associativismo académico, associações de estudantes no ensino secundário, nos Escuteiros, nas organizações governamentais, nas juventudes partidárias, enfim, em tanta coisa. Podemos fazer 1001 coisas para melhorar. Para deixar o mundo melhor do que o encontramos. Se nós não decidirmos, alguém vai decidir por nós.

Termino com uma frase de Winston Churchill “ A História será generosa comigo. Eu mesmo pretendo escreve-la”.

2 comentários:

António Lopes da Costa 17 de abril de 2009 às 16:18  

Tenho reflectido muito sobre o desinteresse dos jovens, sobretudo relativamente à política.
Tenho pensado na falta de entusiasmo, no conformismo e na descrença da juventude.
Continuo sem conseguir chegar a grandes conclusões. Mas há uma coisa de que estou certo: é que essa juventude, que você de forma tão completa caracteriza, precisa de ser "acordada". É esse o nosso papel: porque só chamando a juventude, esta nos pode ouvir. E só depois de nos ouvir é que pode passar por todas as fases, que aqui referiu.
Por isso, se vejo uma grande esperança neste seu artigo, vejo também um desafio. Que é feito aos jovens sociais-democratas. E que tem de ser levado a sério. Quem ganha é a juventude, é o PSD. E é Portugal.

Um abraço social-democrata

Tiago Mendonça 19 de abril de 2009 às 03:49  

Caro António,

Nós precisamos, indubitavelmente, de despertar esta geração, de, como refere, acordar esta geração.

E concordo consigo, um retracto mais cinzento desta juventude, mais deprimido, que constata a falta de entusiasmo e envolvimento nos mais elementares assuntos da nossa sociedade é também um enorme desafio para os dirigentes políticos, nomeadamente, para os militantes das juventudes partidárias que têm o dever de "acordar" esta geração.

É preciso abandonar o politiquês. Falar Português.

Deixar os discursos bonitos mas falaciosos. Deixar de prometer.

É preciso falar verdade, cumprir e trabalhar.

Retribuo,
Um abraço social-democrata