Dia Verde, por Pedro Quartin Graça*

>> sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril – O que resta?


A Revolução vai ficando, cada ano que passa, inevitavelmente mais longe. Feita para pôr cobro ao anterior regime, acabar com as corporações, restituir a liberdade aos portugueses, 35 anos passados da data em que, numa madrugada de Abril, então com 11 anos, acordei ao som de Grândola Vila Morena, da revolução e da esperança que esta trouxe a Portugal pouco resta.
Uma semana depois do 25 de Abril participei com entusiasmo na primeira manifestação do 1º de Maio livre. Três anos depois já descia a Av. da Liberdade ao lado de milhares de Patriotas e combatentes pela independência de Portugal no 1º de Dezembro, com as bombas a rebentarem ao nosso lado junto à sede do PCP…

Velhos e perigosos tempos estes! De então para cá, depois dos erros revolucionários e contra-revolucionários, das nacionalizações, da reforma agrária, do capitalismo popular e das privatizações, a pergunta que legitimamente os portugueses devem fazer é se o actual estado de coisas, a vida em Portugal, é hoje em dia melhor do que aquela que, em 25 de Abril de 1974 os militares começaram a construir. A resposta é, infelizmente e no meu entender negativa. Ganhou-se a liberdade, é verdade e isso é um bem inestimável, mas perdeu-se nestes mais de 30 anos pós – revolução muito daquilo que o 25 de Abril representava. As corporações aí estão, mais fortes e perigosas do que nunca, o capitalismo selvagem invade-nos perante um Estado impotente e, sobretudo, conivente. A justiça não melhorou. A saúde está “nas ruas da amargura”. A corrupção alastra. Este Portugal doente, esta III República decadente, não resiste muito mais tempo à doença que a mina de forma inexorável. Para quando o regresso à liberdade e à esperança que Abril nos trouxe?

*Presidente do Partido da Terra – MPT; Deputado à Assembleia da República














* Presidente do Movimento Partido da Terra; Deputado à Assembleia da República

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