Benfica

>> terça-feira, 14 de abril de 2009

Que é uma verdade absoluta que o Benfica tem sido a equipa (dos três grandes) mais prejudicada esta época desportiva, não há dúvida. Mas isso não justifica os sucessivos fracassos dos últimos anos. Fracassos esses que conduzem a uma resignação por parte da massa adepta, desligada da equipa, descrente nos resultados desportivos.

Tudo começou com a troca de Toni por Artur Jorge, em 1994, permitindo que este prescindisse de elementos preponderantes como Mozer, Paneira, Veloso ou Isaías. Desfez o Benfica, que a partir daí, não mais se recompôs. Anos negros, com Paulo Autuori, Manuel José, Souness e Heynckes. Este último, que cometeu a atrocidade de dispensar João Vieira Pinto, símbolo do clube, importantíssimo na conquista do titulo, por parte do Sporting, a quem foi exigido, 25 golos por época para ficar no Benfica. O Benfica só não caiu, definitivamente, para lugares de meio de tabela, por via de Preud’Homme, talvez, o jogador mais fantástico que já vi jogar no Benfica. Provavelmente, o melhor guarda-redes do mundo de todos os tempos. Certamente, no top 3.

Com Vale e Azevedo na liderança do clube, entre inúmeros disparates, a enorme descoberta: José Mourinho. Foi Vale e Azevedo que lançou Mourinho. E Mourinho que já tinha Maniche, e teria Deco à disposição, poderia ter concebido uma equipa à sua imagem e semelhança e colocado o Benfica na rota dos títulos nacionais e internacionais. Vilarinho, recém-eleito, após uma promessa não cumprida de trazer Mário Jardel, não tardou em afastar Mourinho e colocar no comando técnico do Benfica, Toni. Os resultados são os conhecidos. Perdemos o melhor treinador do mundo para o Porto e o melhor ponta-de-lança das últimas décadas para o Sporting. Jesualdo também foi treinador do Benfica, também afastado.

Com Camacho o Benfica voltou a sorrir. Ganhou a Taça de Portugal, ao Porto de Mourinho, conseguiu 75 pontos no campeonato, algo que, em condições normais, chegaria para ser campeão. Mas Mourinho e o seu Porto, não eram normais.

A saída do espanhol, fez chegar à luz Trappatoni e o Benfica volta a ser campeão. Tantos anos depois. E o Benfica, volta a errar. Perde Veiga, fantástico director desportivo, e o treinador campeão. Começa aqui o mergulho nos anos negros que viriam a suceder. Koeman, ainda fez algo. Pelo menos despertou a emoção e fez renascer as grandes noites europeias na Luz. A eliminação do Manchester e do Liverpool, caindo apenas às mãos do Barcelona, após um jogo fantástico e uma arbitragem tendenciosa a favor do futuro campeão da Europa, foram momentos fantásticos na história recente do Sport Lisboa e Benfica.

Com Fernando Santos, fizemos um campeonato muitíssimo bom, discutindo o campeonato até à ultima jornada, ganhando mais de uma dezena de jogos por 3 golos de diferença, conseguindo muitos mais pontos em 30 jornadas que Trappatoni conseguiu em 34. Não fomos campeões por não termos conseguido ganho o jogo atípico contra o Boavista. 40 remates contra 3 ou 4. Fernando Santos foi mantido. Sinal de Esperança. Sinal de que o Benfica entraria no bom caminho. Doce ilusão. Após empate forasteiro ante o Leixões, a demissão à primeira jornada. Regressa Camacho e depois Chalana numa época assombrosa para o Benfica.

Quique contratado. Muitos erros depois, o Benfica arredado da luta pelo titulo, e com uma prestação europeia, absolutamente vergonhosa. O Dilema coloca-se. Manter Quique, apostando na estabilidade? Ou por outro lado, contratar um novo treinador, português, conhecedor da realidade futebolística portuguesa, capaz de colocar o Benfica a jogar bom futebol, fazendo uma equipa de tostões, apostando na formação?

Será que Quique terá o verdadeiro apoio dos adeptos e dirigentes para fazer toda a época? O importante é mesmo não se manter Quique para o dispensar ainda antes do Natal. Isso seria outra vez o mesmo erro.

A optar pela saída do Espanhol, a contratação de um português. Conhecedor da realidade futebolística portuguesa e da dimensão do Benfica.

Alguns nomes:

• Fernando Santos
• José Peseiro
• Manuel Machado
• Luiz Felipe Scolari (não sendo português, é conhecedor da realidade futebolística portuguesa e da dimensão benfiquista)

Julgo que o lote de sucessíveis de Quique é reduzido. Qualquer um deles me agradaria. Os três primeiros pelo conhecimento táctico que têm, o ultimo, no sentido de revitalizar o terceiro anel e de aproximar as pessoas da equipa. Veremos.

A continuação de Quique também deve ser equacionada. Rui Costa que decida.

Por outro lado, uma última nota, para manifestar a minha concordância para a antecipação de eleições para Maio ou Junho, de modo a que a nova direcção, possa escolher o seu treinador e preparar a época em condições. Não me parece liquido que Vieira vença as eleições. Bagão Félix era um bom nome.

4 comentários:

Tibério Dinis 14 de abril de 2009 às 19:12  

Tiago é falso dizer que o Benfica tem sido o mais prejudicado dos três grandes, quanto muito podes dizer que o Benfica tem sido o mais prejudicado em termos de resultado.

Já te disse e volto a dizer, o FCP tem sido prejudicado em penaltys e foras de jogo nos últimos jogos até dizer chega, só que não se fala porque vencemos categoricamente.

O SLB não ganha por 2-0 há quanto tempo? O SLB sofre golos há quantos jogos? Isto são pormenores que são muito mais profundos do que arbitragem, falar de arbitros por esta altura é tentar fugir aos problemas.

O SLB tem cometido erros de gestão graves, em termos de direcção, atirar culpas para o treinador é o segundo pior erro depois de atirar para os arbitros.

Um treinador vindo de Espanha que não conhece o futebol portugês precisa tempo e condições, ora o SLB desde que foi campeão o melhor que conseguiu foi um 3 lugar! Já muito bom fez Quinque ao vencer a Taça da Liga, que apesar da arbitragem tem mérito.

Os 24 pontos de distância do ano passado não serviram de lição, as esperanças no Rui Costa foram-se, tanto como jogador como agora Director Desportivo não venceu nada de relevante no SLB. O Vieira também não fez nada, tem o titulo do Veiga e mais nada.

O SLB tem primeiro que resolver os seus problemas e depois resolver os problemas dos outros, leia-se arbitragem. O SLB tem a imprensa sempre do seu lado, são sempre os campeões da pré-época e já há dois três meses que se via que não tinham calibre para serem campeões, mas a imprensa continuava a alimentar isso. Veja-se o caso do FCP que até à poucas semanas era vulgarizado na imprensa nacional, e, só depois de eliminar o Atlético e da estrondosa lição contra o Man.Utd. é que foi alvo de elogios.

Se eu fosse Benfiquista e mandassem embora Quinque exigia a demisão do Vieira e Rui Costa, não pode rolar apenas a cabeça do treinador. Há quantos anos o SLB não tem um Treinador por dois anos?

Haja Saúde

Ana 14 de abril de 2009 às 23:27  

Ao que parece Quique fica e nem acho mal. Assim, mantinham parte do actual plantel para a próxima época, reforçando apenas 1 ou 2 vertentes mais urgentes sem serem precisos gastos milionários que é o que o Benfica tem feito ao longo das últimas épocas... Contratar flops.

Pedro Mendonça 15 de abril de 2009 às 23:12  

Boa análise, bastante apaixonada, mas a espaços racional.

Uma pequena opinião/sugestão/reflexão.

A última vez que o Benfica foi campeão foi com um treinador de que nacionalidade? Portuguesa! Quando é que o Benfica praticou o futebol mais atractivo? Há duas época, com um treinador português, Fernando Santos.

Se me chamasse Rui Costa e andasse de facto e gravata não tinha dúvidas em contratar JORGE JESUS, o treinador que mais percebe de futebol em Portugal. Depois teria tempo de o ensinar a estar e a falar para a comunicação social.

Demitir Quique? Não! Mas o espanhol deveria pedir a demissão... com o melhor plantel dos últimos 20 anos conseguiu ganhar uma Taça da Liga da forma como é sabida. Muito pouco. Além disso, a qualidade do futebol apresentando é miserável. Koeman não ganhou nada é certo, mas dava gozo ver o Benfiquinha na Champions a encantar o mundo do futebol. Com Quique, nem Europa, nem Portugal...Nada!

Tiago Mendonça 16 de abril de 2009 às 00:12  

Mano,

A última vez que o Benfica foi campeão foi com Trappatoni. Italiano.

À parte disso, o maior erro, desde a troca de Mourinho por Toni, foi a dispensa de Fernando Santos.

Jesus seria uma boa opção. Mas Peseiro, Santos ou Manuel Machado também. Na mesma linha.