A chama Imensa - Ricardo Araújo Pereira

>> quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Paulo Sérgio, o homem que neste momento enverga o boné de treinador do Paços de Ferreira, é mais um de uma longa e interessante linhagem. Na semana passada, na Luz, logo na intervenção que fez depois do jogo disse que o primeiro golo do Benfica tinha sido irregular. Na verdade, não tinha: Cardozo estava em jogo e depois aproveitou a oferta do guarda-redes do Paços. Irregularidade seria não marcar: recusar um presente daqueles até é falta de educação.

Anteontem, na Mata Real, o Hulk puxou um adversário que, ainda assim, conseguiu cortar a bola para canto antes de tocar no jogador portista. O árbitro marcou penalty a favor do Porto. A dez minutos do fim, o auxiliar invalidou mal um golo ao Paços de Ferreira por considerar, ao arrepio das regras, que bola na mão é o mesmo que mão na bola. Sentei-me melhor no sofá para ouvir as declarações de Paulo Sérgio. Se, na semana anterior, tinha protestado por causa de um golo limpo, queria ver o escândalo que faria agora a propósito de um penalty inventado e um golo mal anulado. E o que Paulo Sérgio disse foi: "o resultado é justo, parabéns aos meus jogadores". Aí, valente. Dá-lhes, que eles merecem.

O Apito Dourado foi uma iniciativa interessante. Inútil, mas interessante. Desde que Carlos Calheiros foi ao Brasil e a factura da viagem, em nome de José Amorim, foi paga pelo Porto, toda a gente ficou a saber que há uma relação esquisita entre o Porto e os árbitros que nunca será questionada. Ainda assim, eu gostava de ver investigadas as relações entre o Porto e certos treinadores. Em homenagem a Paulo Sérgio, a investigação podia chamar-se Boné Dourado. Só para que eles percebam que, pelo simples facto de usarem boné, não têm o direito de nos tentarem enfiar o barrete."

RICARDO ARAÚJO PEREIRA em "A Bola" 22/02/2009

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