Conceitos Circulares

>> segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Fruto de uma conversa interessante que tive há dias, exponho uma ideia em que alguns de vós já devem ter pensado, introduzindo, agora, alguns exemplos que demonstram a verificação prática da realidade apresentada.

Parto da premissa, de que muitos e muitos conceitos têm a forma circular. Isto é, quanto mais caminhamos no aprofundamento desse conceito mais perto ficamos do seu oposto.

Por exemplo, o conceito, extraordinariamente dificil de determinar, de liberdade. Quanto mais progredirmos para uma liberdade total mais próximo ficamos da ditadura. Um estado onde exista uma liberdade sem restrições é inevitavelmente um estado onde a ditadura de uns se sobrepõe sobre outros. O exemplo que dei, num outro texto, num outro lugar, (exemplo simplista, para melhor percepção) era o do tabaco nas discotecas, por exemplo. A liberdade máxima que era dada aos fumadores era uma verdadeira ditadura para quem não fumava, pois não querendo ser sujeito aos malefícios do tabaco não podia, simplesmente, frequentar esse espaço. Se essa liberdade máxima se verificasse em todos os locais, tinhamos uma ditadura.

Mas mesmo em termos políticos assim o é. Uma total liberdade para matar, por exemplo, ou melhor, uma total liberdade para uns matarem outros, é uma ditadura. Vejamos os casos do Nazismo Germânico, por exemplo.

Mas muitos mais exemplos existem. Por exemplo, o conceito de cavalheirismo tem uma origem histórica de profundo machismo e superioridade do homem sobre a mulher. Durante séculos e séculos o homem tinha muitos mais direitos do que a mulher. Não existia igualdade jurídica, política, social, económica, cultural, zero. A mulher era visto como um ser mais fraco em relação ao homem. O Homem, o sexo forte, adoptou comportamentos de protecção do ser mais fraco. Assim, justifica-se o dar a camisola porque está frio ou o levar os sacos porque se tem mais força.

Mais grave,actualmente, a existência de quotas para mulheres em listas políticas, que com um propósito de igualdade e integraçao do sexo feminino, mais não fazem que minimizar a competência em prol de um simples critério sexista. É o assumir que as mulheres precisam de quotas para terem representação política, que não conseguem chegar lá pela competência normal, de um ser igual ao homem. Daí muitas mulheres repugnarem esta ideia. Sou contra esta ideia das quotas.

A própria ideia de igualdade. Uma igualdade total leva a uma desigualdade profunda. Nada é mais desigual do que tratar um desigual como igual. Tratar um assassino em série e um homem cujos padrões comportamentais sejam os aceitáveis para a vida em sociedade, de forma igual, é violar o principio da igualdade (tendo em conta, obviamente, o respeito pela dignidade da pessoa humana, principio basilar do nosso ordenamento juridico, dispensando-se, nessa medida, a pena de morte física ou a pena de morte civil - prisão perpétua).

Já todos devem ter pensado nisto, fica a nota reflexiva.

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