Texto de Opinião

>> quarta-feira, 14 de abril de 2010

Cito hoje um artigo que saíu no Jornal de Negócios. O autor é...o meu amigo Pedro!

Este badameco com um artigo publicado no Jornal...

Fica a transcrição, com uma pitada de orgulho:

"Para os operadores de telecomunicações o ano de 2009 primou pela focalização no curto prazo. Face ao "credit crunch" e aos acrescidos graus de incerteza e risco, os players adiaram decisões de investimento definindo como alvo o controlo dos rácios de...


Para os operadores de telecomunicações o ano de 2009 primou pela focalização no curto prazo. Face ao 'credit crunch' e aos acrescidos graus de incerteza e risco, os players adiaram decisões de investimento definindo como alvo o controlo dos rácios de intensidade de Opex e Capex. O sector português, nomeadamente a recente decisão estratégica da Vodafone Portugal, não segue a tendência mundial de contenção.

No sector das telecomunicações, a televisão paga é o mercado com maior receita média por utilizador e contrasta com os outros serviços no crescimento de receitas actual e estimado próximo do 'double-digit'. O mercado está longe do nível de maturidade geral do sector e a margem de diferenciação do serviço não se compara à comoditização da banda larga e da voz.

Em paralelo, o valor criado pelos incumbentes é suportado por elevadas barreiras à entrada de tal forma que existe um evidente risco de duopolização no mercado. Em primeiro lugar, a indexação do preço de conteúdos à base de clientes dos operadores assim como fortes efeitos de rede permitem o acesso a conteúdos estratégicos em condições vantajosas por parte dos incumbentes.

Em segundo lugar, os esforços de aquisição e retenção de clientes traduzem-se em pesados custos de publicidade, de investigação e desenvolvimento e de melhoramento das redes de acesso. O impacto destes custos fixos nas contas dos operadores implica que a escala mínima eficiente seja elevada relativamente à dimensão do mercado. Por último, quem ambicione entrar no mercado fica claramente condicionado pelas limitações do cobre per se e pelas insuficiências no modelo regulatório da oferta de rede cobre da Portugal Telecom.

Por outro lado, uma duplicação da rede fibra da PT, servindo apenas um operador em solitário, é um investimento inviável. Sem uma resposta favorável do regulador relativamente à partilha das redes fibra instaladas, o financiamento público de redes rurais assim como soluções de investimento partilhado entre novos operadores poderão vir a permitir o aumento do seu mercado potencial.

Contudo, num sector em que a escala é crucial, as vantagens decorrentes do posicionamento global do Grupo Vodafone representam para a subsidiária portuguesa uma fonte de vantagem competitiva. Os custos de marketing e de investigação e desenvolvimento beneficiam de uma escala alargada e, particularmente, o poder negocial do gigante mundial das telecomunicações é uma vantagem competitiva no acesso a conteúdos.

A Vodafone Portugal poderá ainda capitalizar os investimentos nas redes de quarta geração móvel, quer a curto prazo, porque estas partilharão vários elementos com as redes de fibra, quer a longo prazo, porque o móvel poderá ser um veículo alternativo de televisão paga.

Num mercado em crescimento, onde a Vodafone Portugal tem potencial para obter vantagens competitivas sustentáveis, as contingências do acesso à rede serão o obstáculo para que a empresa dispute verdadeiramente as quotas de clientes da PT e da ZON. "


Baseado no trabalho de projecto "Vodafone Portugal entry in the Pay-TV Market: What is the Potential for Profitability?", Mestrado em Gestão, Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, 2010. Trabalho orientado pelo Professor Luís Almeida Costa.


Pedro Correia
Aluno do Mestrado em Gestão
Faculdade de Economia da UNL

1 comentários:

Ricardo Andrade 16 de abril de 2010 às 18:50  

Grande Pedro!!!