Na opinião de Bruno Antunes - O DIA B -

>> quarta-feira, 3 de março de 2010

No mínimo irónico.

Sempre me mostrei preocupado com a importância concedida pela RTP, e não só, à cidade do Porto. O Porto aparece constantemente em peças jornalísticas como pano de fundo, ou porque há um acontecimento generalizado em todo o país mas se toma por exemplo o Porto. Exemplifiquemos: Se há uma greve de um determinado sector da função pública, lá vai a RTP para o Porto dar conta dos efeitos da mesma na cidade. Isto é, imaginemos, dá-se uma greve dos professores, a RTP surge numa escola do Porto a levantar estatísticas de adesão à greve. Várias situações podem constituir exemplos.
Esta situação é gritante, aliás, é um tema sobre o qual já me debrucei inúmeras vezes no meu blogue.

Posto isto não deixa de ser irónico que a Câmara do Porto tenha interposto uma acção contra a RTP por alegadamente ter silenciado as actividades da Autarquia e do seu Presidente. Logo a RTP, que a par do Jornal de Notícias, deve ser o órgão de comunicação social que mais tempo concede ao Porto cidade e ao Porto clube.

Aliás, a RTP tem um canal chamado RTP N, N de Norte. Alguns dizem que é N de Notícias, mas os factos parecem ir noutro sentido. Aquele era um canal chamado NTV (Norte TV) comprado pela RTP. Para além disso, apesar de o conteúdo do canal ser maioritariamente noticioso, as notícias são constantemente focadas no Porto e arredores, para não dizer que os programas deste canal são filmados no Porto.
Uma justificação baseada na descentralização, e na fuga à constante colocação de órgãos de comunicação social em Lisboa não pode proceder. Há mais cidades em Portugal com capacidade para os receber. Esta situação apesar de evitar a centralização, promove a bipolarização em duas cidades. Este meu ponto de vista parece ter sido o mesmo do da ERC conforme informa o Diário de Notícias “a RTP foi dos operadores de televisão em sinal aberto que mais tempo de emissão dedicou a acontecimentos relacionados com a cidade do Porto, muitos dos quais tendo uma relação directa ou indirecta com as actividades da autarquia.”

Para além disso, e se quisermos analisar o caso em função apenas das actividades directamente realizadas pela Câmara, podemos facilmente concluir que esse género de informação não sucede em relação a nenhuma Câmara. Isto é, que eu tenha conhecimento, nem Coimbra, nem Lisboa, nem Aveiro beneficiam de uma abordagem pelos meios de comunicação social relativamente às actividades das suas autarquias. Aliás, nem têm que beneficiar. Apesar de o canal ser público, não parece aceitável a queixa. Outrossim por ser público, o canal deveria ter outra postura, e abranger um maior número de cidades.

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