As presidenciais de 2011.

>> quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

No caso de Cavaco Silva se recandidatar à Presidência da República, cenário que me parece provável, tendo em conta a evolução política dos últimos meses, o seu discurso de ano novo e a própria praxis política no nosso país, a esquerda não irá, certamente, cometer o mesmo erro de há 4 anos atrás, onde apareceu fragmentada, desde logo, com a apresentação de dois candidatos do espaço político do Partido Socialista.

Se a Alegre for o candidato do Partido Socialista, o que me parece mais lógico, tendo em conta, nomeadamente, a coligação Roseta/Costa em Lisboa, a não criação de um partido politico por parte de Alegre, as recentes novidades na sua página na internet e o que se vai passando nas redes sociais e a sua participação na campanha eleitoral ao lado de Sócrates, será o candidato de toda a esquerda. A Dúvida está em se será o candidato de toda a esquerda à primeira, ou, eventualmente, à segunda.

Se Alegre for o candidato da Esquerda Unida, numa primeira volta, não haverá lugar a segunda volta (dificilmente o CDS não apoiará Cavaco numa eventual recandidatura). O BE e o PCP, neste cenário, perdem semanas de autonomia e independência nas campanhas, e o PS pode cair demasiado à esquerda. Neste cenário, estou convencido, que Cavaco Silva ganharia, com relativa facilidade as eleições. Algum eleitorado Socialista votaria Cavaco. Pode no entanto ser a plataforma de entendimento para aguentar o Governo Sócrates até ao fim (que pelo que vejo, interessa pouco ao próprio Partido Socialista que parece apostado em reeditar – embora esse cenário seja francamente improvável pelo menos por agora – o que fez Cavaco há duas décadas). A Esquerda, julgo eu, tentará não desperdiçar nenhum eleitor, apresentando Louçã pelo BE, Jerónimo pelo PCP, Alegre irá pelo PS, e assim terão um tempo de antena a triplicar, poderão fazer uma campanha de todos contra um, com mais espaço em debates e noticiários, assinalando a tónica de derrubar “a direita”. Neste cenário, admitindo que conseguem evitar um cenário de vitória na primeira volta, na segunda volta, apoiariam então Alegre. Aqui, parece-me, a candidatura de Alegre seria menos forte, e a facilidade para Cavaco será maior.

O PS continua a provocar o Presidente da República. Quer extremar posições e roer a corda, na expectativa que, ou Cavaco dissolva a Assembleia e o PS ganhe eleições, afastando Cavaco da corrida presidencial, ou colocar o eleitorado numa situação o Governo ou o Presidente, o que com algumas medidas eleitoralistas, poderia, no entender dos socialistas ser nefasto para Cavaco Silva.

Cavaco, parece-me, terá a sua reeleição relativamente assegurada. No Caso de não ser Alegre, todas as outras alternativas me parecem francamente piores. Guterres sente que ainda não é o seu tempo. Sampaio, era o meu “adversário” favorito. Sem dúvida.

2 comentários:

Anónimo 7 de janeiro de 2010 às 23:53  

o cavaco também não está com discurso eleitoralista? mto dificilmente será candidato, pelo menos ele vai pensar duas vezes.

é o pr com mais vetos, fez a estupida comunicação ao pais sobre os açores que não interessa a ninguém e fez a comunicação ao pais que ninguém percebeu sobre as escutas.

e para um pr com um governo de maioria relativa falar em "explosivo" é estar já a dar o corpo às balas.

alegre por agora tem mais condições que cavaco.

Tiago Mendonça 8 de janeiro de 2010 às 02:32  

Anónimo,

Mais uma vez, como é hábito, solicito a todos os comentadores que assinem e assumam os seus comentários, de forma a conferir ao que escrevem alguma credibilidade e permitirem o debate de ideias numa igualdade de armas.

Quanto ao comentário em si, quem exercer cargos, e decide exerce-los de facto, decidindo, terá sempre coisas boas e coisas más a serem apontadas ao trabalho que desenvolve.

Cavaco tem sido um presidente corajoso, vetando quando acha que é o mais correcto, mas não abdicando de uma cooperação institucional e uma lealdade incríveis. Mesmo quando não existe reciprocidade.

Quanto ao estatuto dos Açores acho que tinha razão no que disse. Quanto à comunicação sobre as escutas, acho que todos os portugueses perceberam bem o que ele disse.

Alegre tem melhores condições porquê? Não percebi isso. Mas também não deve ser para eu entender.

Volte sempre. Mas assine, se faz o favor.