Um pequenino exemplo...

>> quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Numa campanha eleitoral para a liderança da Nacional da JSD, um dos candidatos disse que os Problemas de Lisboa são os mesmos do que os problemas do resto do pais, exceptuando-se a desertificação que não existe em Lisboa. Eu acrescentaria, que Lisboa tem um grande problema, especifico das grandes cidades: A mobilidade.

Hoje o meu carro foi para a inspecção e tive que voltar à carreira 83. Sem grandes problemas, porque à hora que regresso circula-se bem, há lugar sentado. Lembro-me bem, do meu primeiro ano da faculdade, onde em pé, com os códigos a saírem demorava quase 1h a chegar à Faculdade. Enfim, vamos ao que interessa.

Eu sai da faculdade as 11h56, tenho de fazer um percurso a pé de 10 minutos. Estava a entrar em casa as 12h42. Ou seja demorei 46 minutos, quando de carro demoro, no máximo 20 minutos, cumpridos os 80km/h na Segunda Circular. Mais do dobro do tempo. Tudo bem.

Vamos a custos. O trajecto entre a minha casa e a faculdade é de 7,5km, ou seja, 15km por dia, 20 dias por mês, 300km no total ao final do mês. O meu carro, gasta uns bons litrinhos aos 100, pelo que, pior das hipóteses também, gastarei 30 euros por mês para fazer este trajecto de carro. Ora, o preço do passe é mais caro. Ou seja o que me dizem é isto: Pagas mais, para demorares o dobro do tempo, ires desconfortável e teres que fazer 10 minutos a pé, possivelmente a chover a “potes”. Alguém opta pelo transporte público?

Evidentemente que não. Mas reparem que eu dei também a melhor das hipóteses para o autocarro (hora sem transito) e utilizei o exemplo de eu ir sozinho num carro que consome uns 8 ou 9 litros aos 100. Mas imaginem o exemplo de três amigos se juntarem e irem num citadino a gasóleo que gaste 4lt aos 100 por exemplo. Teríamos um custo de 5 euros por cada um.

Pensar Lisboa e pensar na mobilidade de Lisboa, não é apenas dizer que andar de carro é horroroso e que o metro é que é. Aliás, a Portela, por exemplo, não tem metro, e mesmo pertencendo a outro Concelho tem uma proximidade geográfica com a capital do país enorme. Mas outros locais da cidade que também não são servidos com Metropolitano. E também o metro não é o expoente máximo da rapidez. Entre a Cidade Universitária e a Gare do Oriente, por exemplo, demora-se 30 a 35 minutos também. Mais do dobro do que de automóvel.

Quanto a mim, o que se deveria fazer era reduzir drasticamente o preço dos transportes públicos, aumentar a cadência e criar condições de melhor mobilidade. Uma ideia, é a criação de um túnel em todo o eixo central da cidade, liberando a superfície para os transportes públicos, aumentando assim a velocidade média dos mesmos. Outra possibilidade é perceber que o Terreiro do Paço com uma só faixa entope, e que, por exemplo, a ciclovia em Benfica, utilizada por pouquíssima gente, retirou uma faixa e que também entupiu essa acessibilidade.

Só com transportes públicos baratos, periódicos e rápidos podemos conseguir reduzir os carros na cidade. Numa palavra: Eficiência. E depois de darmos uma oferta, minimamente competitiva (evidentemente que não se pede que os transportes públicos não levem um pouco mais de tempo do que os carros, mas não podem nunca ser mais caros, por exemplo) podemos então levar a cabo politicas de restrição ao trânsito. Devemos criar, nas extremidades da cidade parques de estacionamento em altura, gratuitos, para incentivar, também por ai, as pessoas a utilizarem os transportes públicos. E depois, então sim, poderíamos, por exemplo, taxar a entrada na cidade, sendo a taxa progressivamente mais alta quantas menos pessoas de deslocassem no automóvel, com ganhos claríssimos em termos de mobilidade e de ambiente, e criando aqui a receita necessária para financiar a despesa acrescida com as medidas de incentivo aos transportes públicos.

Enfim. Espero não ter que esperar quatro anos para ver esta medida implementada. Parece me um raciocínio básico, atingível a qualquer pessoa com mais de 6 anos.

2 comentários:

Anónimo 15 de outubro de 2009 às 21:54  

Olha que o passe agora está a metade do preço para os estudantes do ensino superior.

Tiago Mendonça 15 de outubro de 2009 às 22:04  

Anónimo,

Ainda assim, basta teres um carro a gasóleo, que fica ao mesmo preço.

Para além de que essa medida, importante é certo, apenas abrange os estudantes do ensino superior. O problema da mobilidade é muito mais vasto. Essa medida, parece-me importante no dominio social, mas não resolve problemas de mobilidade.