Post 1 - Sporting Clube de Portugal

>> sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Começo a minha indagação sobre os meandros do futebol português, com uma análise relativamente aprofundada, sobre uma das maiores instituições desportivas do nosso país, o Sporting Clube de Portugal.

O Sporting ao longo dos anos, afirmou-se como a segunda grande potência do futebol português, tendo perdido essa posição, apenas nas ultimas duas a três décadas, com a chegada de Pinto da Costa ao poder no Futebol Clube do Porto e a ascensão dos azuis e brancos a um lugar de grande destaque na cena nacional e internacional. Para além do sucesso no futebol, também nas modalidades, até ao final dos anos 90, o Sporting era um clube referência, contando com diversos títulos em variadas modalidades. Era verdadeiramente o segundo clube de Portugal. Mas será que ainda o é hoje?

A realidade é que os resultados desportivos do Sporting têm vindo a piorar ao longo dos últimos anos, só chegando o clube de Alvalade ao titulo, por duas vezes, em praticamente três décadas, sendo que, uma dessas vezes foi conseguida num ano sui generis, através do efeito de um dos case study mais marcantes do futebol português e internacional, Mário Jardel. O Goleador, marcou mais de quatro dezenas de golos, muitos deles de grande penalidade, e fez com o grande artista João Pinto uma parelha infernal que deu ao Sporting um título, após a grande conquista de Inácio que pôs fim à hegemonia azul e branca. Desde aí, o Sporting não mais voltou a ganhar, contrariamente ao que sucedeu com o Benfica e em especial com o Futebol Clube do Porto.

Quais são então os grandes pontos negativos do Sporting Clube Portugal, na actualidade? Quanto a mim são três.

Em primeiro lugar, uma péssima gestão financeira levada a cabo pelos dirigentes do Sporting Clube de Portugal. Para além, de terem custos com a própria máquina do Sporting, altíssimos, veja-se, por exemplo, o salário do seu presidente, o Sporting investe muito mal no mercado. Veja-se, o exemplo, de ter assegurado a contratação de Postiga, gastando mais dinheiro (entregue ao Futebol Clube do Porto), para além de entregar o promissor Diogo Viana ao rival, do que o Benfica gastou na contratação do astro Saviola. São sucessivos erros financeiros, que têm também contribuído para a lapidação do património do Sporting Clube de Portugal e para uma situação traumática, que é a dependência das receitas dos próprios anos, variáveis, como seja a entrada ou não na Champions, para poder reforçar a equipa.

Em segundo lugar, um péssimo aproveitamento do que é feito nas camadas jovens. O Sporting teve, até há três ou quatro anos, uma das melhores academias de futebol da Europa, donde saíram talentos como Simão, Quaresma, Nani ou Cristiano Ronaldo. O Problema é que o Sporting, vende os jogadores por “tuta e meia”. O Porto vendeu Pepe, por 30 milhões de euros, o dobro do que o Sporting pediu por Cristiano Ronaldo. Quando dinheiro o Sporting teria ganho, se aguentasse Ronaldo, mais dois ou três anos no seu plantel? E qual o proveito desportivo dessa decisão?

Em terceiro lugar, o facto de ser um clube, essencialmente de sócios e não de adeptos. O Sporting vende muitíssimas game box, isto é, lugares cativos no seu estádio. Olhando para o numero de game box vendidas e para as assistências em Alvalade, vemos, que apenas 1000 ou 2000 bilhetes são vendidos por jogo (evidentemente que serão mais porque muitas pessoas com Game Box não vão aos jogos), ou seja, o clube tem uma entrada corrente de dinheiro muitíssimo baixa, comparativamente, ao que sucede, por exemplo, com o Benfica, um clube que apesar de ser o clube do mundo com mais sócios (praticamente o dobro do que o tem o Sporting) é um clube, essencialmente, de simpatizantes e adeptos, conseguindo ter lotações, regularmente, superiores à própria lotação do Estádio dos rivais da 2ªCircular.

Para além dos péssimos resultados no futebol, evidenciados, esta época, agora que o espólio da formação acabou, e que as “pérolas” que aparecem não são mais que André Marques, e que as fragilidades do plantel são bem notórias (pense-se, por exemplo, que um dos melhores jogadores do SCP nas ultimas três épocas foi Derlei, que foi dispensado do Benfica), nas modalidades o Sporting perdeu o seu domínio. No Futsal, é agora o Benfica que mais ordena, ou pelo menos reparte esse protagonismo com o Sporting. Sporting, nada faz em vólei, basquete, hóquei. Mesmo no Atletismo, Vanessa Fernandes e Nélson Évora, os dois maiores expoentes, a nível nacional, são do Benfica, mantendo-se apenas Naide Gomes a equipar de verde e branco.

Por fim, a pergunta que se faz é, será que o Sporting tem condições para ser, um grande do futebol português? A resposta deve ser dada, segundo duas perspectivas. Se atentarmos ao elemento histórico, ao passado do Sporting, evidentemente que sim. O Sporting será um grande nos próximos 40 ou 50 anos, com toda a certeza, mesmo que os resultados desportivos venham por aí a baixo. O Sporting, pela massa adepta que tem e pelas condições estruturais que bem ou mal criou, nunca poderá, na próxima década, duas décadas, cair como, por exemplo, outros históricos caíram, como o Belenenses ou o Boavista. Mas a pergunta é mais profunda: Terá um País como Portugal, uma cidade como Lisboa, condições para comportar dois clubes de topo?

Excluindo Itália, onde INTER e MILAN são duas grandes equipas, embora historicamente, o MILAN tenha um muito maior protagonismo, não mais, no que respeita a grandes campeonatos ou potências futebolísticas no Velho Continente, encontramos grandes clubes em duas cidades, excluindo, a Grécia, mas que por uma questão Geográfica, tem todos os clubes de algum nível concentrados na sua capital.

Em França, não existem potências na mesma cidade. O Lyon em Lyon, o Bordéus em Bordéus, Marselha em Marselha e no passado o Paris St Germain em Paris. Nem sequer existe um clube de média dimensão, na mesma cidade.

Na Alemanha, idem idem. O segundo clube de Munique, é o 1860 Munique.

Em Espanha, temos o Real Madrid – Grande Dimensão, e depois o Atlético, um clube de menor dimensão, capaz de lutar pelos top5, mas sem aspirações constantes ao titulo de campeão.

Em Inglaterra, apenas com o fenómeno Abramovich pudemos experienciar, por breves momentos, diga-se, duas equipas fortes em Londres. Mas não o era assim, e não o será no futuro. Agora o City, também quer assumir um papel primordial em Manchester, mas mais uma vez, apenas pelos capitais investidos. E pense-se, se existir um magnata que invista 300 milhões de Euros no Paços de Ferreira, também o Paços pode ser campeão Europeu.
Enfim, na Holanda, AJAX em Amesterdão, Feyenord em Roterdão, PSD em Eindhoven.

Teremos que ir a campeonatos como o Romeno, para ver o Steaua, Rapid e Dínamo de Bucareste, à Rússia, para ver Spartak, CSKA, Dínamo e Lokomotiv, todos da mesma cidade.

Termino, com uma análise esquemática.

Presidentes:

Dias da Cunha – 12 Valores.
Soares Franco – 9 Valores.
Bettencourt – 5 Valores.

Treinadores:

Augusto Inácio – 18 Valores.
Boloni - 13 Valores.
Peseiro – 14 Valores.
Paulo Bento – 12 Valores.

Palavra para os adeptos, tantas vezes incansáveis no apoio à equipa, mas com os níveis de paciência, agora, compreensivelmente, a chegar ao limite.

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