Dia B, por Bruno Antunes

>> segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Novo Governo


Se acha, traído pelo título deste texto, que vou aqui lançar os nomes das pessoas que irão integrar o novo Governo desengane-se. O que venho aqui tratar é a nova situação governativa altamente influenciada pelo panorama parlamentar. Como é sabido de todos, ou quase todos, no Parlamento existe uma maioria relativa de deputados do PS. Posto isto, é difícil a um Governo neste cenário impor as posições decorrentes do seu programa governativo. Um Executivo nestas condições necessita de colaboração dos partidos representados no Parlamento. O Primeiro-Ministro, que ainda não tomou posse para o segundo mandato, procura já entendimentos com os partidos, aliás, com todos os partidos. Esta nova posição de diálogo com todos os partidos do Parlamento (sem excepção) que José Sócrates quer imprimir ao panorama político nacional pode ter duas leituras. Numa primeira perspectiva, poder-se-á entender que o Primeiro-Ministro quer a todo o custo governar com estabilidade ficando assim assegurada a governabilidade necessária para que o país “ande para a frente”. Analisando por um segundo prisma, poder-se-á achar (aliás essa opinião tem sido veiculada por bastantes opinion-makers) que o Chefe de Governo chamando os líderes de todos os partidos com assento parlamentar e sabendo de antemão que provavelmente estes não iriam aceitar qualquer acordo, quer colocar na oposição a responsabilidade das decisões tomadas ou da falta delas. Alinhando sob este prisma (que não é totalmente oposto ao anterior), ainda que com cautela, não creio (defendendo a posição que creio que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa propugnou no programa de domingo) ser uma questão de dramatização e de vitimização por parte de Sócrates, é antes uma situação em que o Chefe de Governo quis colocar na oposição todo o ónus de algo que normalmente seria assacado ao Governo. Cabe à oposição uma resposta cabal a esta situação. Quer-se uma oposição cooperante, mas a esta não podem ser assacadas todas as responsabilidades, afinal é o PS que é o partido do Governo. No entanto, essa resposta cabe aos líderes dos partidos, que por enquanto não deram sinais de contrariar tal ideia, pelo menos plenamente. Se Sócrates levar a melhor, pergunto-me se esta estratégia não conduzirá a uma dissolução do Parlamento (pela falta de decisão) e que nas eleições subsequentes ganhe com maioria absoluta, fazendo uma espécie de reedição do que sucedeu com Cavaco Silva. O tempo o dirá, tendo o futuro líder do PSD uma palavra determinante neste processo, enquanto líder do principal partido da oposição. No entanto, deixo ainda uma referência para todo este jogo político. Não se querem politiquices, quer-se política. Quer-se um país desenvolvido e não jogadas de estratégia que resultam na perpetuação do poder de X ou a perda do mesmo por Y. Para jogadas tem-se o futebol e outros desportos.

Fica o reparo.

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