Portugal dos Pequeninos

>> quarta-feira, 22 de abril de 2009

Hoje tive a experiência fantástica que é tirar o cartão do cidadão, após a experiência falhada da semana passada, já que cheguei ao Registo Civil, e já se tinham esgotado as 12 (doze!!??) senhas destinadas para aquela jornada longa de trabalho, entre as 9h e as 16h.

Já hoje, haviam 20 senhas, e quem as quisesse teria de ir para lá antes do Registo abrir, qual posto médico. Portanto às 8h30, lá estava a minha mãe, a retirar-me a senha. Cheguei lá por volta das 9h20 e até deixei o manual de Sucessões em casa, pois estimava que demorasse cerca de uma hora (aliás, o tempo previsto de atendimento na internet) e concedi-me o luxo de não ter que estar a tentar estudar enquanto as pessoas berravam por um atendimento mais rápido.

A experiência, apenas acabou, 4 horas mais tarde. Pois é, 4 horas para tirar o moderníssimo Cartão do Cidadão. Eu era o número 15, e demorei cerca de 10 minutos. Pessoas demoraram cerca de 40. Ora porque em vez de colocarem o indicador, avançavam com o polegar. Ora, porque a rua, não podia dizer zona industrial porque era feio. Ora porque à afirmação “tem que tirar uma senha”, as pessoas respondiam:”Era o que faltava ter que pagar”.

Um atraso. Uma burocracia. Algo que contado a um sueco ou a um dinamarquês, apenas os faria esboçar um sorriso, desconfiados da veracidade da história.

Continuamos a ser um Portugal pequenino, em muita coisa.

Com processos a arrastarem-se anos nos tribunais.

Com pessoas presas preventivamente um ou dois anos, muitas vezes para serem declaradas inocentes.

Com listas de espera para operações delicadas de vários anos.

E podia continuar aqui a debitar exemplos. Recordo um: Certa vez fui ao hospital público da minha zona de residência, estava com febre (muita) bastante mal disposto, etc. O senhor Doutor, disse-me isso deve ser amigdalite. Pelo sim pelo não faz análises. 3 horas e meia depois, uma senhora Doutora afirmou: Peço desculpa, mas o meu colega não lhe mandou fazer as análises todas. Vai ter que repetir. Passado 7 horas, com a mesma má disposição, mas com menos febre e dores, lá saí com a medicação ajustada.

E aqui o que mais me custa. Certa vez, também tive que ir ao Hospital. Desta vez, usufruindo do seguro de saúde (o único produto que as pessoas adquirem na expectativa de não ser rentável) fui ao Grupo CUF. 30 minutos depois estava cá fora.

Uma saúde de primeira e outra de segunda.

Somos grandes em muita coisa. Mas para muitas outras coisas, continuamos a ser um Portugal pequenino. Simplex, não é?

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