Dia B, por Bruno Antunes
>> domingo, 5 de abril de 2009
Finalmente propostas mas serão adequadas?
A crise é transversal, todo o Mundo tem tido dificuldades no combate à mesma. A União Europeia está recheada de países que lutam contra o desemprego mas que com dificuldade o vão fazendo. Veja-se o caso de Espanha que neste momento conta perto de 15% de desempregados, demaisado mau.
São precisas medidas mas medidas com pés e cabeça, medidas exequiveis e que contam com contrapartidas, isto é, se queremos subir aqui teremos que baixar ali. Não chega atirar subidas de ordenados e de subsídios para o ar sem um meio aceitável para aumentar as receitas do Estado.
Em Portugal, O Bloco de Esquerda, partido da Esquerda Moderna, tem aparecido com propostas no combate à crise que me deixam estupefacto. Antes de mais vejam estes cartazes que mostram toda a credibilidade destas políticas.
Imagem tirada daqui
Há com cada uma...O governo agora anda a proteger os banqueiros. Que ideia é esta? Se os bancos onde as pessoas (a que o BE se refere depositam dinheiro) não tiverem um apoio financeiro estatal, as pessoas (a que o BE se refere) serão as primeiras a ser afectadas. Ao que parece não é assim que aquele partido da esquerda moderna analisa a questão.
Imagem tirada daqui
Este cartaz então é muito bom. Agora quem tem lucros não pode despedir? Como dirira alguém, e pelos vistos já dizemos quase todos. Porreiro pá, porreiro. Esta noção de que o patrão é um senhor “todo-poderoso” que faz o que quer, senta-se numa poltrona e manda os outros fazer é uma ideia errada, muitíssimo errada. O patrão é como outras pessoas mas que em vez de empregado, emprega.
Além destas ideias fabulosas ainda coloca no seu site e jornal 12 medidas extraordinárias:
1- Proibição de despedimentos colectivos por empresas com lucros.
2- Impedir o pagamento de dividendos aos accionistas de empresas que receberam subsídios ou benefícios públicos.
3- Redução do horário de trabalho para 35 horas semanais.
4- Direito a 40 horas de trabalho, sem despenalizações.
5- Aumento das pensões e do salário mínimo (para chegar aos 6000 euros em dois anos).
6- Subsídio para todos os profissionais (cerca de metade são hoje excluídos).
7- Imposto sobre as grandes fortunas para financiar a segurança social.
8- Fim do segredo bancário.
9- Encerramento de todos os off-shores.
10- Nacionalização do sector energético.
11- Predomínio do sector público na banca.
12- Contratos efectivos para quem faz trabalhoefectivo. Acabar com precariedade e com falsos recibos verdes.
Algumas destas medidas ainda poderão fazer sentido como a do encerramento do sigilo bancário (discutível) e a nacionalização do sector energético (muito discutível), mas outras medidas são absolutamente inacreditáveis como a redução para 35 horas semanais do horário de trabalho.Muito bem, consegui-lo seria benéfico mas o que se terá que fazer para o conseguir? Isso já não se refere. Não digam que é aumentar os impostos dos milionários que é outra medida pouco exequível. Afastar os donos das empresas do país não é propriamente adequado para combater a crise.
Em suma, dúvidas...muitas dúvidas sobre este plano anti-crise.
Fica o reparo.
1 comentários:
Bruno,
Não querendo ofender os eleitores do Bloco de Esquerda, mas, normalmente, quem vota BE, tirando raras excepções, enquadra-se num destes grupos:
1-Voto de Protesto, que ouve por aí, que a malta do BE é anti-sistema (e desatenta ao caso Sá Fernandes)
2-Pessoas que não tendo uma ideia de sociedade, não pensando sobre os assuntos mais importantes, concordam com as posições do Partido em dois ou três temas ditos fracturantes, que já nem sequer são temas, pois estão resolvidos.
3-Pessoas, que não querem ter o trabalho de pensar sobre a realidade, e que se ficam pelo outdoor com umas cores simpáticas e com umas mensagens, que ditas assim, são apelativas. É quase um Robin dos Bosques. Tira aos bancos para dar às pessoas (quem é que financia os créditos à habitação, por exemplo). Impostos enormes nos mais ricos (depois com esses impostos como é que os donos das empresas se podem aguentar e não despedir). Ou ainda a arrogância de dizer que quem lutou para ter lucros, agora, é obrigado a ser altruista e a não despedir, ou seja, pode ir a falência mas tem que manter empregadas as pessoas, numa demagogia gritante. É querer fazer dos patrões a santa casa.
4-Uma minoria mas que existe, especialmente nas camadas mais jovens, que olham para o Be como os politicos porreiros que acham bem fumar umas ganzas.
Ainda ontem perguntei a uma possivel eleitora do BE, para me dizer uma medida do BE. Não conseguiu dizer alguma.
Não percebo, sinceramente, como é que o BE tem mais de 0,5%. Isso mostra o atraso da nossa sociedade. O PCP, por exemplo, já provou que defende um sistema que falhou. Falhou sempre, em toda a história. Mas enfim, é um sistema. Existem algumas ideias, por mais estapafurdias que as consideremos. Existe um raciocinio. Uma representação. No BE não há nada. Uma esquerda caviar que usa e abusa da demagogia.
Não há paciência!
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