Derby, por Jorge Batista e Pedro Correia

1. Após o empate 2-2 em Manchester, o Porto pode sagrar-se campeão Europeu?

Jorge – Não acreditei que o Porto pudesse jogar desta maneira em Old Trafford. Uma exibição irrepreensível onde o génio individual e colectivo da equipa portuguesa superou o actual campeão europeu, brilhante. O resultado podia ter sido ainda melhor não fosse o erro crasso de Bruno Alves, mas é um empate a 2 golos que faz sonhar com uma repetição de 2004. Para além do temível tridente ofensivo do Porto e do despontar da nova estrela Cissokho, Fernando fez um jogo extraordinário, para mim o melhor jogador em campo. É uma equipa sólida que tem possibilidades de conquistar o título europeu, mas não é o favorito. Se conseguir ultrapassar o Manchester, terá o Arsenal pela frente, com quem não se deu muito bem na fase de grupos em Inglaterra… mas talvez o trauma já esteja recuperado depois desta exibição. Chego a acreditar que o Porto possa chegar à Final, mas ganhar a um Barcelona deste calibre não me parece nada fácil. Messi, Etoo e Henry são o ataque letal da equipa que goleou o Bayern… na minha opinião, a favorita a vencer o torneio.

Pedro – Realmente, uma exibição excelente do Porto. Destacaria Cissokho, Fernando, Rodriguez e Lisandro, mas a qualidade do futebol Portista valeu sobretudo pela coesão e entendimento tácticos e muito pela disponibilidade dos seus jogadores. Fernando equilibrou a equipa a um nível que Assunção nunca fez, precisão apurada no passe e cobertura irrepreensível à linha de centrais. Lucho compensou o lado direito da defesa, suprindo a eventual fragilidade de Sapunaru, obrigando Ferguson a puxar C.Ronaldo para o centro do terreno, esvanecendo os rasgos do melhor do Mundo. A linha de ataque, para mim só é superada pela do Barcelona e Arsenal, nesta fase (que curiosamente também utiliza o 4-3-3). Rodriguez corre quilómetros, Hulk é portentoso e Lisandro um avançado de classe mundial. Ultrapassar o Manchester é possível mas falar já em repetir 2004 parece-me prematuro. O Barcelona faz uma primeira parte de antologia e Messi está imparável, é o grande favorito; o Chelsea surpreendeu-me pela garra e o Arsenal tem um ataque venenoso.



2. Em que circunstancias Quique Flores tem condições para continuar no Benfica?

Pedro – Depois do jogo na Reboleira o espaço de Quique encurtou-se sobretudo porque os adeptos já não contestam só os resultados como a pobreza do futebol. Acredito que Quique permaneça se conquistar o segundo posto, mas para mim tem 7 partidas para pôr a equipa a jogar caso contrário está fora.

Jorge – O Benfica não está a jogar bem, é um facto. A vitória da taça da liga deu para esconder dos adeptos o nível fraco do futebol praticado pela equipa de Quique. Mas a verdade é agora visível e o treinador espanhol tem de falar menos para fora e mais para dentro. Motivar as tropas no balneário e não tratar de assuntos internos na imprensa, nem dizer que “a equipa não joga como eu quero”. Tal como Paulo Bento, tem imenso potencial e é um treinador cuja mentalidade e talento enriquece a nossa liga, mas não é o suficiente sem resultados, sem praticar um futebol atractivo e ao nível de um grande com o plantel que tem. Faltam 7 jornadas, o futuro de Quique e de Paulo Bento estará definido em Maio, mas algo me diz que nem um nem outro permanecerão em Portugal na próxima época… veremos.

3. Filipe Soares Franco será recandidato ao Sporting? Isso seria positivo ou negativo?

Jorge – Pelo que é dito na imprensa e ficou esclarecido no último Congresso, Soares Franco não será recandidato. Seria positivo, na minha opinião, essa realidade. Gosto do seu estilo de gestão e de política financeira, mantendo a verdade e frontalidade em qualquer situação. Um dirigente de classe e categoria.

Pedro – Diria que nesta fase não pode ser candidato. Depois de sucessivamente se ter demarcado de uma eventual recandidatura seria faltar à palavra e consequentemente comprometer a sua capacidade de liderança. Após o Congresso fico com a ideia de que da linha Soares Franco sairá talvez Rogério Alves para um possível confronto com um nome a sair da oposição, que diga-se, está bem organizada. Deste modo não me parece que deixe de existir disputa eleitoral no Sporting.

Jorge – Obviamente que depois de tanto “não” sobre uma possível recandidatura, Soares Franco não deve voltar atrás na sua palavra. Surgirá do seu lado um nome viável para a presidência do Sporting e ganhará, sem dificuldade, as próximas eleições. Não só devido a uma oposição fraca e sem credibilidade de Dias da Cunha e Abrantes Mendes, mas sobretudo devido ao bom trabalho e consequente respeito e admiração que a equipa de Soares Franco conquistou. Foi aplaudido de pé mais de um minuto no último Congresso, o que mostra de que lado estão os sócios. Para a semana, na AG de dia 17 de Abril, deverá ser mais claro o nome do mais sério candidato à presidência do Sporting, após as deliberações dos sócios presentes. Com Soares Franco fora da corrida, temos Miguel Ribeiro Teles e José Eduardo Bettencourt numa óptica de continuidade ou até Luís Duque. Penso que o recém-famoso empresário Pedro Pinto Souto não o será a menos que um desses nomes ou outro com credibilidade seja unânime.