Tempo

>> sábado, 14 de março de 2009

Com a proliferação das novas tecnologias e com o avanço civilizacional, muitas das nossas tarefas diárias podem ser realizadas alocando para a execução das mesmas muito menos tempo, relativamente, ao que sucedia há uns anos atrás.

Pense-se, no caso da informação. Hoje em 15 minutos, conseguimos ver as primeiras páginas de todos os jornais, à distância de um simples click, escolher duas ou três notícias mais importantes e ver o seu vídeo, ou até, ver um telejornal completo, às 4 da manhã. Dispomos ainda, de sínteses informativas, em pelo menos 3 canais que se dedicam somente à informação. Pense-se no que sucedia há 10 ou 15 anos atrás. Para estarmos informados, teríamos que às 13horas ou as 20horas nos sentarmos em frente ao televisor e ver o bloco noticioso. Ou então, comprar um jornal, na papelaria mais próxima. Tudo mudou.

Hoje podemos, recostados na nossa cadeira, comprar tudo online. Fruta, Bebidas, Enlatados, Livros, CDS, Bilhetes para espectáculos, pagar a água ou a luz, fazer uma transferência bancária, subscrever serviços. Tudo. Sem nos termos de mexer. Poupando horas e horas.

Mas o tempo é sempre curto. Nunca temos tempo para nada. Não temos tempo para dizer que amamos, não tempos tempo para acarinharmos de quem gostamos, não temos tempo para amparar quem mais precisa. Não temos tempo para amar o próximo.

Passamos dias e dias, no nosso mundo, egoísta e indiferente ao que se passa. Temos a vida facilitada. Máquinas que nos fazem tudo, a internet que nos “dá” horas e horas em poupança de tempo, tudo. E para onde canalizamos todo esse tempo?

Para as nossas futilidades. Para estar esparramados na cadeira a falar no MSN ou a actualizar o perfil do Hi5. Mas quando, um dos nossos, requer um pouco de tempo, a resposta é sempre a mesma: Não dá, hoje tenho muito que estudar, ou hoje é a festa do Zé Manuel ou estou cansada/o.

Uma pequena história da minha autoria, que reflecte isto.

Dia 1

Abel – Olá Bento, hoje discuti com a Carla, estava a precisar de falar contigo e desanuviar um pouco…Podemos Conversar?

Bento – Hoje não tenho tempo. Tenho um exame daqui a 17 dias e tenho que estudar.

Dia 2

Abel – Olá amigo, queres ir beber um copo e conversar um bocadinho? Nem sabes o que me aconteceu…

Bento – Desculpa lá, mas hoje não dá mesmo. Estou cheio de coisas para fazer.

E os dias vão passando. O Bento nunca tem tempo para o seu amigo Abel. Mesmo tendo máquinas que lhe aquecem a comida, lavam a roupa, lavam a loiça. Mesmo comprando tudo e pagando todas as contas pela internet. Mesmo tendo muito mais tempo do que os nossos ante passados, Bento não tem tempo. Nunca. Para ninguém.

Quantos de nós, somos o Bento desta historia?

E quantos de nós já pensámos, que um dia chegará o Dia 3…onde…

Daniel – Bento, nem sabes o que aconteceu. O Abel morreu.

E nesse dia, todos estão lá. Morre alguém, e ai já todos têm tempo para estar lá. Mas talvez fosse melhor terem perdido 2 segundos a dizerem amo-te todos aqueles que amam.

Às vezes custa tão pouco fazer feliz os outros. Um sorriso, um abraço, um incentivo, uma mensagem.

Usem bem o vosso tempo.

5 comentários:

Anónimo 15 de março de 2009 às 05:31  

saber gerir é dificil e na minha opinião, é mais fácil gerir quando há pouco e bem mais complicado quando há em abundância. uma forma de gerir melhor o tempo? saber escolher, fazer boas escolhas. o próximo passo é saber que uma boa escolha passa por dizer um amo-te a quem amamos, por estar sentado ao seu lado, passa por "gastarmos" o nosso tao precioso tempo nas pessoas e nos outros.

Bom post ;)

Tiago Mendonça 19 de março de 2009 às 03:14  

Aceito todo o tipo de comentários. Elogiosos ou criticos. Aceito até aqueles comentários mais duros. Nas raias do permitido.

Mas não aceito comentários com ofensas gratuitas, palavras grosseiras e que manchem este espaço.

Liberdade sim. Mas responsabilidade, também.

Querem criticar estão à vontade. Mas dentro dos limites da boa educação. Sem ofender por ofender.

E depois é sempre a mesma coisa. Apenas anónimos. Assinem! Assumam!

Tiago Mendonça 19 de março de 2009 às 04:40  

O meu ultimo comentário, veio no seguimento, conforme devem ter percebido, de um outro, publicado por um anónimo, de conteúdo ofensivo, mal-educado e violador das normas minimas de civismo e boa educação que imperam neste espaço. Assim sendo, pela primeira vez, fui obrigado a deletar um comentário.

Anónimo 25 de março de 2009 às 20:08  

Tempo é mais que dinheiro ! É Vida.

Tempo esse que corre, não pára e não espera por nós. Façamos pela Vida, que é como quem diz, construir uma Vida... Repleta de boas memórias e novas aprendizagens. Eu cá... construo a minha juntamente com os meus.

E quero partilhar isto... Porque é tudo tudo tão acertado.

"A essência da vida são os outros (…) Para termos uma noção do pouco que valemos, basta subtrair ao que somos o que aprendemos, o que lemos, o que vivemos com os outros. É só ver o que fica. Coisa pouca. Sozinho quase ninguém é quase nada. É somente juntos que podemos ser alguma coisa. A verdade é que devemos tudo a quem já deu, já morreu, já disse, já escreveu. E a nossa felicidade devêmo-la, não a nós próprios, mas a quem vive ou viveu ao pé de nós (…) O essencial é amar os outros. (...) Os outros (…) são o nosso último recurso e a nossa primeira obrigação (…) Posso dizer uma verdade? A minha maior qualidade é o meu amor, é a minha família, são os meus amigos, é a minha pátria, são os meus colegas. São os meus antepassados, são os exemplos que me deram, são os meus livros. Eis a essência da vida, de qualquer vida: a minha maior qualidade são os outros. È esta a maior qualidade de qualquer outra pessoa (…) A essência da vida está fora de nós. Está nos outros todos juntos, sem lugar, sem tempo, sem saber como. A única coisa que temos é amor.” (A Essência, Miguel Esteves Cardoso)

Anónimo 25 de março de 2009 às 20:10  

By the way, gostei muito deste post. Dá para reflectir sobre a vida que as pessoas, e mesmo nós, levamos hoje em dia.