Opinião Convidada, por "Guardiola"

>> quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

«Vale a pena ir à Luz antes do intervalo?»

Ao título poderemos dar várias respostas. O fanático adepto do Benfica dirá que vale a pena dormir no Estádio da Luz; o frenético, garante que desde que haja jogos, mesmo que de berlinde, está lá sempre; o supersticioso vai 1 hora e 30 minutos antes porque sempre que fez isso o Benfica ganhou; o pragmático... fica a beber até ao intervalo porque sabe que só depois do intervalo, as águias marcam golos. E é mesmo assim.
Vejamos: em dezoito jornadas da Liga, o Benfica disputou nove em casa, oito das quais sem marcar qualquer golo na primeira parte. A única vez que o fez, foi diante do Braga, à 14.ª jornada e o golo de David Luiz foi apontado aos... 45+1.
Nos outros jogos... FC Porto (1-1), golo aos 56; Sporting (2-0), golos aos 67 e 71; Naval (2-1), golos aos 70 e 85; Estrela (1-0), golo aos 51; V. Setúbal (2-2), golos aos 47 e 66; Nacional (0-0); Sp. Braga (1-0), golo aos 45+1; Rio Ave (1-0), golo aos 70; P. Ferreira (3-2), golos aos 69, 72 e 86.

Razões para este registo
É então importante escalpelizar as razões de um registo pobre nas primeiras partes, mas que, e provavelmente o mais importante, acaba por dar os seus furtos, já que, o Benfica ainda não perdeu em casa. Mas vejamos então as razões.
1) – Quique Flores adopta um sistema pouco ofensivo: Katsouranis + Yebda ou Katsouranis + Carlos Martins são duplas que têm as mesmas funções, que pisam os mesmos terrenos e que, apesar da boa capacidade de passe, são lentos nas saídas para o ataque.
2) – Se a isto juntarmos o facto de Ruben Amorim não ser extremo, logo não sobe como é necessário, e que David Luiz não é lateral, logo fica muito mais atrás que Maxi, chegamos facilmente à conclusão que o Benfica ataca apenas com Aimar, Reyes e Suazo (ou Cardozo).
3) – Os três jogadores não pressionam em zonas mais ofensivas, fechando no meio-campo. É fácil perceber que na primeira parte, o Benfica fecha-se no meio-campo dando quase a iniciativa do jogo ao adversário que, tirando FC Porto, Sporting e Sp. Braga, não assume, logo temos uma primeira parte para encher chouriços.

Razões para a viragem
No segundo tempo, o Benfica transfigura-se, aumenta consideravelmente o número de oportunidades de golo, mas porquê?
1) – Quique Flores tira quase sempre perto dos 60 minutos um dos médios defensivos, colocando Di Maria – o Benfica ganha explosão e obriga o adversário a recuar no terreno.
2) – Se isso não chegar, o treinador do Benfica retira Aimar e coloca Nuno Gomes, jogando com dois avançados, um móvel outro fixo, acabando de vez com as arrancadas do adversário.
3) – Quando chega à vantagem, Quique Flores volta a compor o meio-campo, volta a fechar e a segurar o resultado (veja-se o exemplo de P. Ferreira que tão mau resultado ia dando)

Conclusão – São curiosidades interessantes, é certo, há dados para discussão, é igualmente correcto, mas dirão os pragmáticos: «O importante é que o Benfica ganha e só está a um ponto do líder». Respondo eu: «Essa é a verdade que interessa...»

*O autor deste texto, não deve ser identificado com o seu nome verdadeiro. Os mais próximos saberão quem é.

1 comentários:

Jorge Batista 20 de fevereiro de 2009 às 03:40  

Excelente análise caro "Pepe" !

Esperemos que Quique não leia isto a tempo, e que amanhã o Benfica faça novamente uma primeira parte fraquinha... e uma segunda parte já desmotivados pelo resultado (:

Cheira-me que vem aí um grande derby... abraço!