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>> segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

No ressaca do Fórum das Esquerdas, colocam-se já várias equações a poucos dias de entrarmos no decisivo ano de 2009.

Sócrates para ganhar com maioria absoluta em 2005, teve de ocupar o espaço politico do PSD. Fez uma derivação à direita, tentando esvaziar o PSD. O PSD, com três lideres diferentes neste periodo eleitoral, qual clube que não tendo resultados imediatos troca de treinador de forma avulsa, não soube responder, tirando os 3 ou 4 meses onde ganhou debates parlamentares, aquando da liderança do Dr.Menezes. O PSD está hoje preso a uma fasquia, perigosa, de 30%. Este PS "comeu" o restante eleitorado do PSD. Mas para o fazer, abriu todo o flanco à esquerda.

Assim, vemos o Bloco de Esquerda, que em condições normais já teria acabado, qual moda passageira, e o PCP a crescer, e muito, nas sondagens ocupando o espaço politico que o PS deixou para se deslocar para a Direita. Mas, não é so o PSD que dá tiros nos pés. O BE teve agora o caso Sá Fernandes e o PCP teima em não renovar-se. Só porque não temos um PCP forte e o BE é o que é, é que existe esta janela de oportunidade para Alegre e companhia. A companhia será Roseta?

Se assim for e tivermos novo partido, o Bloco corre o risco, efectivo de desaparecer, mas a Esquerda poderá crescer, juntando-se ao PCP um grande partido de esquerda, empurrando o PS mais para a Direita e deixando o PSD entalado, quase esmagado, e ainda não obliterado, porque assistimos a um Portas (ainda) em baixo de forma, não obstante a sua eleição directa com 95% dos votos.

Acredito que um partido de Alegre, o Bloco e o PCP possam alcançar cerca de 30% em eleições. Se assim for o PS não terá mais de 35 a 36% sobrando para a direita os restantes 35 a 36%. Ficará tudo partido. É uma janela de oportunidade para uma coligação entre PSD e CDS em coligação poderem ganhar. Somando os resultados de Santana Lopes e Portas em 2005, num ano horribilis, a direita teria 37%, o que pelas minhas contas chegaria para ganhar. O PSD tem que agarrar a desorganização da Esquerda. Sócrates pode pagar pela derivação à direita.

Sendo concreto, partido a partido.

No PSD, o risco maior é o do PS continuar a "comer" eleitorado ao PSD reduzindo-o. Para isso não acontecer é preciso mais dinamismo, melhores exemplos (que não faltar irresponsavelmente à AR) e uma liderança forte capaz de entusiasmar os Portugueses. Neste caso, poderemos ter o reverso da medalha e numa plataforma de Direita, pré ou pós eleitoral (o primeiro ministo não tem, constitucionalmente, que ser o lider do partido mais votado) e termos a direita no Governo em 2009.

O PS, tem como maior risco perder todo o capital politico à esquerda, podendo, em contraciclo, o PSD esmagar e entalar o PS entre dois blocos fortes. Tem a possibilidade de liderar uma maioria absoluta de esquerda em coligação com algum dos partidos de esquerda. Se o fizer, no entanto, duvido que aguente mais de dois anos, já que tudo o que capitalizou à Direita, perderia, e permitiria ao PSD ser governo lá para 2011 (neste cenário perfilam-se vários candidatos, que por isso não avançaram já).

O CDS-PP, tem que marcar uma agenda de causas, eleger uma ou duas causas de facil reversão eleitoral. Como foram os ex-combatentes, por exemplo. Não querendo dar ideias, a Agricultura e a Educação, poderiam ser chaves para o crescimento deste partido. Indo em coligação, pode perder identidade e arriscar existência. Deve, crescer e depois ser parceiro estável de coligação pós-eleitoral com PSD se se verificar um dos cenários que referi.

O BE, tem que se colar a Alegre e ser a base inicial da nova organização politica à esquerda. Será a massa genética do que Alegre está a cozinhar. Não se safa sem ser assim, no médio prazo. Alegre, inversamente, deve congregar os bloquistas, os renovadores do PCP, a ala mais à esquerda do PS e independentes descontentes com os actuais partidos Portugueses.

O PCP, igual a si mesmo. Valerá, nos próximos tempos, entre 6 a 10%. Baseia-se num movimento ideológico forte, dificilmente extinguivel mas ainda mais dificilmente dilatado. Poderá ser o complemento à esquerda de Alegre para por exemplo obrigar a segunda volta numas presidenciais, ganhar algumas câmaras ou, (lagarto, lagarto, lagarto) proporcionar que a esquerda (que não o PS) tenha mais representação que PSD/PP.

Em termos autarquicos, na Câmara de Lisboa, se Roseta avançar, mesmo que Sá Fernandes fique nas boxes, tendo candidato proprio o PCP e o BE, parece-me relativamente evidente a vitória do PSD e de Santana Lopes. Com ou sem coligação com o PP. Mas preferencialmente com.

A Câmara de Lisboa será muito importante, num cenário de divisão de votos pelos três grupos que enunciei. E muito importante num cenário de Sócrates, ganhando, não fazer todo o mandato. Percebem porquê.

1 comentários:

Tibério Dinis 15 de dezembro de 2008 às 19:18  

Boa análise, apesar de não concordar com a tua euforia sobre Santana...