Pedro Santana Lopes

>> quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

(fechem as bocas, não é o anuncio de mais um convidado que vai escrever por aqui - talvez um dia isso suceda)

Transcrevo dois post's de Pedro Santana Lopes, no seu blogue do SOL - Equinócios e Solstícios. O primeiro hoje. O segundo amanhã pela mesma hora.

Compreendam a visão, reflictam sobre a opinião.

O 1º dos post's

Sócrates apresentará candidato a Belém

"Há sinais evidentes de que a cooperação estratégica está posta em causa. Não por culpa do Presidente da República mas por responsabilidade do Governo e da maioria que o suporta.
Sou defensor convicto de que a eleição do Presidente da República, por sufrágio universal e directo, não deve impedir os Governos de executarem os seus programas. E, quando digo os Governos, digo também as maiorias parlamentares.
Não me canso de repetir esta ideia: escolhemos o sistema de Governo mais complicado do mundo. Mas, já que o temos e enquanto o temos, não podemos consentir que ele sirva para nos prejudicar constantemente enquanto país, enquanto Nação.
O Governo deve governar, a maioria deve legislar, o Presidente deve moderar, deve promulgar, mas pode vetar.
Compreende-se que o Governo e a maioria insistam em pontos que foram compromissos eleitorais em 2005.
Compreende-se que o Presidente da República vete legislação como a do divórcio, que não resultou de um compromisso eleitoral específico.
Mas também é bom lembrar que o Presidente se conteve aquando da legislação sobre a interrupção voluntária da gravidez, apesar das reservas, ou mesmo oposição, que algumas normas lhe mereceriam.

Já é mais natural o Presidente vetar uma lei como o Estatuto de uma Região Autónoma que, sem qualquer compromisso eleitoral prévio a nível nacional, mexe nos poderes e atribuições do Presidente da República.
Por pequena que seja a mudança, é gravíssimo abrir-se o precedente.
E não se compreende que o PS não leve em linha de conta que a matéria é de especial sensibilidade para o chefe do Estado, como o próprio já deixou bem claro perante todo o país.
José Sócrates até pode estar convencido de que a razão lhe assiste a si, a Carlos César e à maioria dos socialistas. Mas não dependendo o futuro da Pátria da aprovação das normas em causa, e dado o conhecimento do melindre de que se revestem para Belém, era compreensível, sensato, expectável que o primeiro--ministro não insistisse.
Se a sua opção é insistir – e, portanto, melindrar num tema muito sensível o Presidente da República – que leitura fazer?
Em meu entender, é simples e óbvio: José Sócrates está disposto a ‘partir a corda’ em que assenta a cooperação estratégica. Para alguém que quer continuar a ser primeiro-ministro, tomar uma opção destas só faz sentido à luz de uma estratégia global – que, seguramente, passará por um candidato alternativo a Cavaco Silva nas próximas eleições presidenciais."

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